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‘Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional’, diz Lula na Celac

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (9) que “tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços”, em referência às recentes medidas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora não tenha citado o norte-americano, o petista criticou as taxas aplicadas e defendeu a integração regional.

“A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores”, destacou Lula. As declarações foram feitas na 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em Tegucigalpa, capital de Honduras.

“Agora, nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativa de restaurar antigas hegemonias pairam sobre nossa região. A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas. Migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores. E seguindo separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência em uma nova divisão do globo entre super potências. O momento exige que deixemos as diferenças de lado”, declarou Lula, em discurso lido aos demais líderes.

O pacote de impostos dos EUA a outras nações começou no último sábado (5), quando passou a valer a tarifa mínima de 10% sobre as importações de mercados estrangeiros. A medida do republicano afeta cerca de 190 países — a maioria foi penalizada com o imposto de 10%, como ocorreu com o Brasil. Algumas taxas, no entanto, ultrapassam 100%.

Nesta quarta, Trump anunciou que vai aumentar para 125% o imposto sobre as importações de produtos da China. Ele disse ter adotado a medida “com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais”. Em resposta às tarifas impostas pelos EUA, mais cedo nesta quarta a nação asiática tinha decidido taxar em 84% as importações de itens norte-americanos.

Além disso, Trump informou que vai reduzir por 90 dias as tarifas contra países que tentaram um acordo com os Estados Unidos, sem especificar quais são essas nações. Nesse período, segundo o presidente dos EUA, será cobrado desses países o imposto mínimo de 10% do pacote tarifário.

Mais cedo nesta quarta, os Estados Unidos começaram a cobrar os países que ficaram de fora do piso de 10% e sofreram uma taxação maior, como Camboja, Israel, África do Sul, Suíça e integrantes da União Europeia.

Veja quais são as tarifas:

  • Argélia – 30%
  • Angola – 32%
  • Bangladesh – 37%
  • Bósnia e Herzegovina – 35%
  • Botsuana – 37%
  • Brunei – 24%
  • Camboja – 49%
  • Camarões – 11%
  • Chade – 13%
  • China – 104% (horas depois, Trump anunciou que a taxa para o país asiático será de 125%)
  • Costa do Marfim – 21%
  • República Democrática do Congo – 11%
  • Guiné Equatorial – 13%
  • União Europeia – 20%
  • Ilhas Falkland – 41%
  • Fiji – 32%
  • Guiana – 38%
  • Índia – 26%
  • Indonésia – 32%
  • Iraque – 39%
  • Israel – 17%
  • Japão – 24%
  • Jordânia – 20%
  • Cazaquistão – 27%
  • Laos – 48%
  • Lesoto – 50%
  • Líbia – 31%
  • Liechtenstein – 37%
  • Madagascar – 47%
  • Malawi – 17%
  • Malásia – 24%
  • Maurício – 40%
  • Moldávia – 31%
  • Moçambique – 16%
  • Myanmar (Birmânia) – 44%
  • Namíbia – 21%
  • Nauru – 30%
  • Nicarágua – 18%
  • Nigéria – 14%
  • Macedônia do Norte – 33%
  • Noruega – 15%
  • Paquistão – 29%
  • Filipinas – 17%
  • Sérvia – 37%
  • África do Sul – 30%
  • Coreia do Sul – 25%
  • Sri Lanka – 44%
  • Suíça – 31%
  • Síria – 41%
  • Taiwan – 32%
  • Tailândia – 36%
  • Tunísia – 28%
  • Vanuatu – 22%
  • Venezuela – 15%
  • Vietnã – 46%
  • Zâmbia – 17%
  • Zimbábue – 18%

Cúpula da Celac

No encontro dos países latinos e caribenhos, os líderes discutiram assuntos prioritários, como integração regional, segurança, imigração e combate à fome e às mudanças climáticas.

Como mostrou o R7, Lula, no discurso, defendeu que as nações do grupo tenham candidatura única para a secretaria-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que ficará vaga em 2026 com o fim do mandato do português António Guterres.

A expectativa de Lula é que a indicação seja de uma mulher. Nesse momento, dois nomes disputam como favoritos: a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet e a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley. Porém, o martelo ainda não foi batido. A avaliação do governo é de que, em respeito ao princípio de rotatividade regional, caberia ao Caribe e América Latina a indicação para o posto.

Em caso de concordância com a indicação, a intenção deve ser formalizada em uma declaração sobre mulheres, paz e segurança, também sugerida pelo governo brasileiro. A ideia inicial é que a nomeação seja feita em um documento à parte. A cúpula da Celac marca o término da presidência temporária de Honduras e a subsequente transmissão para a Colômbia.

A pauta regional é uma das principais bandeiras do governo do presidente — o retorno do Brasil à Celac foi o primeiro ato de política externa de Lula na volta à Presidência da República, em 2023. Em janeiro de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro anunciou a saída brasileira do grupo. À época, o ex-presidente alegou a participação de ditaduras no bloco. Os países da Celac reúnem 670 milhões de habitantes, em uma área de mais de 22 milhões de km².

 

R7

 

 

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