O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 6ª feira (14.abr.2023) que a Petrobras pode ser considerada nos termos da declaração conjunta assinada entre Brasil e China, que recomenda que vendas internacionais sejam em reais.
Haddad falou com jornalistas na sede da Embaixada do Brasil em Pequim, na China. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também concederia entrevista, mas cancelou na última hora por causa do atraso significativo da sua programação na capital chinesa.
O Poder360 perguntou ao ministro da Fazenda: “Nessa questão das moedas locais, no caso de empresas que têm participação do governo, como a Petrobras, por exemplo, a Petrobras vai negociar com a China em real?”.
Haddad respondeu: “É isso que recomenda o memorando final, a declaração é essa. Estamos incumbidos de fazer esse tipo de análise.” O ministro, no entanto, não elaborou a respeito de quando essa modalidade de comercialização de petróleo por parte da Petrobras deve começar.
Na declaração conjunta há só uma menção genérica sobre o fortalecimento do comércio em moedas locais, neste caso, em reais ou yuans. Segundo o Poder360 apurou, a efetivação de trocas comerciais dessa forma dependerá ainda de mais negociações entre os países.
Se a Petrobras de fato adotar uma política de negociar com a China em reais, isso tende a mexer com o mercado. A estatal é uma das grandes petroleiras do mundo. A China também é um grande comprador de petróleo brasileiro.
Será necessário, entretanto, que antes disso a Petrobras atualize a sua política de preços para combustíveis. Hoje, o modelo é de paridade internacional com as cotações de vários países e a taxa de câmbio. Acionistas minoritários da empresa podem reclamar, pois há risco de perda de rentabilidade.
Ao longo de sua visita à China, Lula utilizou uma retórica política de aproximação com o país de Xi Jinping. O petista sugeriu em várias declarações que ninguém pode impedir o Brasil de se aproximar da China. Disse também: “Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar“.
Lula defende a ideia de que alguns países possam fazer suas trocas comerciais em moedas locais. Trata-se de proposta que levaria a uma independência em relação aos EUA, que é uma espécie de emissor da “moeda franca mundial”, o dólar.
Ocorre que a corrente de comércio internacional é em grande parte privada. Seria necessário convencer vendedores brasileiros de soja e de minério de ferro a aceitar receber pagamentos em reais. Todos preferem fazer as operações em dólar, pois é uma divisa mais estável.
O Poder360