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Novo ‘Aquaman’ ganha trailer que sugere fim de festa agitado e melancólico

O trailer de “Aquaman 2: O Reino Perdido”, que foi divulgado hoje, é uma surpresa. Não pela trama sugerida, uma história de vingança com a “eterna batalha épica do bem contra o mal”. A surpresa é que o filme existe e será de fato lançado nos cinemas em dezembro. Até este momento, a dúvida era real.

Não sem justificativas, claro. Originalmente agendado para dezembro de 2022, “Aquaman 2” teve sua estreia adiada primeiro para março, depois para dezembro deste ano. O motivo foi o trabalho intenso de pós-produção, atrasado ainda mais por todos os protocolos de segurança criados por causa da pandemia de covid-19.

Claro que uma questão ainda maior projetou uma sombra sobre o filme. Quando James Wan começou a trabalhar em “O Reino Perdido”, prioridade para o estúdio desde que “Aquaman” faturou mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias em 2018, o comando do universo DC nos cinemas passou para as mãos de James Gunn e Peter Safran, que rapidamente traçaram um novo plano para seus personagens.

Um recomeço que, para todos os efeitos, não incluiria nenhum conceito desenvolvido a partir de “O Homem de Aço”, de Zack Snyder. A nova estrutura da DC no cinema, desenhada após Gunn e Safran assumirem a DC em outubro de 2022, terá como marco zero “Superman Legacy”, agendado para 2025.

Entre a mudança de gerência e o começo deste novo universo, quatro filmes pareceram perder seu propósito dentro dos planos do estúdio: “Shazam: Fúria dos Deuses”, “The Flash”, “Besouro Azul” e, por último, “Aquaman 2: O Reino Perdido”.

A boa notícia para os fãs do herói submarino é que, desde o começo, James Wan não parecia muito investido em trabalhar com a noção do universo compartilhado. Seu “Aquaman”, lançado após o desastroso “Liga da Justiça”, trazia pouquíssimo em comum com os filmes dirigidos por Zack Snyder. O tom sombrio e a violência boboca deram lugar a uma aventura mais solar, em que os riscos conviviam sem problemas com o senso de humor.

Ao trabalhar em “O Reino Perdido”, mesmo antes de toda a mudança de comando na DC, Wan deixava claro que sua intenção era desenvolver aquele universo subaquático habitado por Aquaman, pelo povo da Atlântida e por outros feudos submarinos espalhados pelo oceano. Longe da desconexão narrativa de coisas como “Batman vs Superman” e “Mulher-Maravilha 1984”, o responsável por “Invocação do Mal” foi erguendo seu forte na caixinha de areia dos coleguinhas.

“O Reino Perdido” é, portanto, uma entidade que não dialoga com um universo compartilhado que, francamente, já é um morto-vivo. A premissa simples — o vilão Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) deseja vingança contra Aquaman (Jason Momoa), prometendo “destruir tudo que ele ama”. Para frear esse “arroubo de originalidade”, o herói apela para seu meio-irmão, Orm (Patrick Wilson), derrotado por ele e aprisionado após a aventura original.

O vilão Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II), super original, quer vingança
O vilão Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II), super original, quer vingançaImagem: Warner

Se não parece existir nada de espetacular na premissa de “Aquaman 2”, também não há nada que desabone a ideia de fazer da aventura um produto isolado, sem precisar se conectar a nada. Ao longo dos últimos anos, tanto Ben Affleck quanto Michael Keaton poderiam aparecer no filme como Batman. É uma noção defendida pelo fã mais ardoroso das ideias de Zack Snyder, mas estas parecem ter sido sepultadas definitivamente em “The Flash”.

O fracasso do filme do corredor escarlate, somado aos resultados igualmente pífios de “Shazam: Fúria dos Deuses” e de “Besouro Azul”, mostram que passar uma borracha para recomeçar do zero é a melhor decisão por parte do estúdio. O público obviamente não tem o menor interesse no snyderverso, e personagens como Superman e Batman precisam de um cuidado maior que estar nas mãos de alguém que não os compreende.

Assim, “Aquaman 2” caminha mesmo para fechar a lojinha de uma era nas adaptações dos heróis da DC para o cinema. Jason Momoa parece disposto a continuar a fazer parte dos filmes, mesmo que não seja como o rei da Atlântida. Uma dança das cadeiras é sempre possível (Chris Evans que o diga), e o carisma do astro havaiano é poderoso o bastante para carregar qualquer desafio.

Em dezembro, vamos descobrir se a despedida desse recorte da cultura pop será festiva ou agridoce.

UOL

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