Economia brasileira sobe 1,08% no 1º trimestre, indica ‘prévia do PIB’ do BC
Indicador dos primeiros meses do ano sofre impacto do recuo de março, quando geração de riquezas encolheram 0,34%
A economia brasileira indicou avanço de 1,08% no primeiro trimestre deste ano. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (15) pelo IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), indicador do Banco Central conhecido por antecipar o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) — a soma de todos os bens e produtos finais produzidos no país.
Na comparação mensal, o índice de atividade econômica perdeu ritmo em março e apontou uma variação negativa de 0,34%. A variação interrompe uma sequência de três índices positivos, já que em janeiro e fevereiro registrou alta de 0,60% e 0,40%, respectivamente. Em dezembro, o índice ficou em 0,82%.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o resultado de março representa baixa de 2,18%. Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 1,68%.
Os dados do IBC-Br são coletados de uma base similar à do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão responsável pelo indicador oficial sobre o crescimento econômico.
IBC-Br e taxa de juros
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica do país e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 10,50% ao ano. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade de setores da economia — indústria, comércio e serviços e agropecuária —, além do volume de impostos.
A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação. Quando o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas ajudam a redução da inflação, mas também podem dificultar a expansão da economia.
Impacto da tragédia no RS para o PIB
O PIB nacional pode cair de 0,2 a 0,5 ponto percentual por causa da tragédia no Rio Grande do Sul, segundo economistas ouvidos pelo R7. Investimentos do governo, que devem chegar a R$ 50 bilhões, devem ajudar amenizar a queda, de acordo com os especialistas. O estado representa cerca de 6,5% da economia do país e sofre com enchentes desde o fim de abril.
Segundo José Luiz Pagnussat, mestre em economia pela UnB (Universidade de Brasília), ainda é cedo para calcular o tamanho do impacto, mas a estimativa é que o rombo possa chegar a até 0,5 ponto percentual do PIB.
“As perdas na produção com a enchente são significativas e afetam diretamente o PIB, mas há os efeitos indiretos, como a insuficiência de insumos para continuar e ampliar a produção”, afirmou.
Em valores finais, o PIB — soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país — produziu R$ 10,9 trilhões no ano passado, acima dos R$ 9,9 trilhões de 2022. Com base nesse cálculo, os prejuízos para o país com as enchentes estariam na casa dos R$ 54,5 bilhões.
O economista Fernando de Aquino, membro da comissão de política econômica do Cofecon (Conselho Federal de Economia), também falou sobre os impactos negativos para a economia nacional. Segundo ele, estimativas preliminares apontam perdas de 0,2 a 0,3 ponto percentual do PIB.
“A gente teve perdas econômicas significativas, sobretudo na questão da infraestrutura. Tivemos a inviabilização de utilização de várias estradas, aeroportos, destruição de infraestrutura agropecuária e perda da capacidade produtiva”, exemplificou.
R7