Culpa do algoritmo: pais processam TikTok após suicídio de filha vítima de bullying na França
Os pais de uma adolescente que se suicidou em 2021 na França entraram esta semana com um processo contra o TikTok. Eles alegam que o algoritmo da rede social contribuiu para o desespero da filha, vítima de bullying na escola devido a seu peso. Essa é a primeira vez que uma ação do gênero é movida no país.
Marie foi encontrada morta pelos pais em seu quarto na cidade de Cassis, no sul da França, em setembro de 2021. Poucos dias antes de se enforcar, a estudante de 15 anos postou no TikTok um vídeo no qual falava sobre o assédio que sofria na escola por ser gorda. Graças ao algoritmo, a postagem atraiu para a sua conta outros vídeos sobre o mesmo assunto. O que, para os pais da jovem, contribuiu para a sua morte.
Os pais de Marie abriram um processo por “incitação ao suicídio”, “propaganda sobre meios de se suicidar” e “não atendimento a pessoa em perigo”. Uma investigação por assédio escolar foi aberta logo após a morte da adolescente. A Procuradoria informou que a denúncia dos pais de Marie merece uma análise aprofundada.
Um caso semelhante ocorreu no Reino Unido após o suicídio, em 2017, após o suicídio de uma adolescente de 14 anos. Os pais da jovem afirmavam que os conteúdos consultados pela filha nas redes sociais teriam contribuído para a morte da garota. Em 2022, justiça britânica reconheceu a influência dos algoritmos no ato da menina.
Um dos princípios das redes sociais é manter o usuário conectado em sua plataforma. Para isso, um dos métodos é propor conteúdos que agradem o internauta, baseados em dados colhidos durante sua utilização e compilados pelo sistema de algoritmos.
No caso do TikTok, o formato de vídeos curtos amplifica esse mecanismo, pois em apenas alguns minutos o internauta vai assistir dezenas de conteúdo, fornecendo um volume muito maior de dados sobre suas preferências do que uma plataforma como Youtube ou Facebook.
O processo dos pais de Marie foi divulgado no mesmo momento em que outros casos de suicídio provocado por bullying são revelados pela mídia na França, relançando novamente o debate sobre o assédio nas escolas.
Na segunda-feira (18), o ministro da Educação, Gabriel Attal, reuniu os representantes das escolas do país para falar sobre o assunto. O objetivo do encontro foi fazer um balanço de todos os casos de bullying registrados no ano passado. O problema, que atinge um em cada dez alunos na França, foi apontado como uma prioridade para o governo.
O assédio escolar já é um delito na França desde o ano passado. Segundo uma lei de março de 2022, os autores estão sujeitos a penas de 10 anos de prisão e € 150.000 de multa.
G1