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Como o fentanil, que virou epidemia nos EUA, pode levar à morte do usuário de droga rapidamente?

O fentanil, substância que virou epidemia nos Estados Unidos com a morte de cerca de 300 pessoas por dia, afeta muito rapidamente o fornecimento de oxigênio ao cérebro, o que pode ser letal.

Usada na medicina intensiva, na oncologia e na medicina paliativa por ser um opioide altamente potente, a substância tem sido consumida de forma ilegal nas ruas ao ser macerada, transformada em pó e misturada com outras drogas, conforme explica o médico Francisco Inácio Bastos, pesquisador titular do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz em entrevista ao podcast “O Assunto“.

“Quando usadas totalmente fora do contexto médico, elas geram depressão respiratória muito rápido, com chance grande de overdose e óbito, porque você não dispõe dos recursos de medicina intensiva pros quais ele foi desenvolvido”, afirma Bastos.

Falta de oxigênio

 

Segundo o médico, a dificuldade de coordenação causada pelo fentanil se dá justamente pela falta de oxigênio. “Se você tem uma baixa de oxigênio, imediatamente você tem um problema de coordenação, porque vai afetar cérebro e cerebelo, e as pessoas ficam inteiramente incoordenadas e incapazes de ter ações coerentes no sentido do tempo”, explica.

A única solução que salva vidas após o consumo de dose mais nociva do fentanil, segundo Bastos, é o uso da naxolona, capaz de reverter em minutos o efeito do fentanil sobre o centro de respiração.

“Obviamente que é importante também chamar o serviço de emergência, importante fazer manobras de ressuscitação. Mas muitas vezes não há tempo porque você tem que bloquear muito rapidamente esse efeito, que pode ser letal num período muito curto”, diz.

Riscos no Brasil

 

Francisco Inácio Bastos também alerta para os riscos de um surto de consumo de fentanil no Brasil. A droga é de difícil detecção e está sendo misturada com outras, mas avalia que o país está reagindo melhor ao problema do que os EUA. “O Brasil tem sistema de regulação nacional centralizado e mais eficiente”, explica.

G1

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