Como a equipe se formou
A equipe responsável pela descoberta do novo asteroide é formada pelo professor Welton Dionisio e dez crianças entre 6 e 9 anos de idade. De acordo com Welton, doutor em biologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a primeira vez em que ele ouviu falar do programa Caça Asteroides foi em 2022, mas não conseguiu participar da edição por não ter atingido o número mínimo de pessoas para formar uma equipe.
No entanto, na edição deste ano do programa, o professor, responsável pela oficina de astronomia de uma escola particular de João Pessoa, decidiu inscrever os alunos da sua turma infantil como equipe participante do Caça Asteroides.
“Diferentemente dos adultos que eu havia tentado reunir antes para participar do programa, as crianças ficaram muito animadas em fazer parte de uma pesquisa astronômica. Eu tive uma turma inteira de miniastrônomos com a mesma empolgação que a minha para desbravar os mistérios do nosso universo. E, mais que isso, fomos agraciados com o encontro desse novo asteroide”, conta Welton.
A descoberta do novo asteroide
Professor e crianças analisando juntos imagens do telescópio — Foto: Welton Dionisio/Arquivo Pessoal
O professor conta que ele instruía as crianças e organizava um revezamento entre a turma para que todos pudessem analisar imagens enviadas pelo programa Caça Asteroides, que foram coletadas através de um telescópio localizado no Havaí.
“Esse telescópio coleta uma quantidade massiva de imagens de asteroides, mas não há tantos pesquisadores e especialistas para analisar todas elas. Assim, através do programa, cidadãos e estudantes do mundo inteiro podem contribuir na procura por esses corpos celestes”, explica Welton.
Foi durante uma atividade de observação dessas imagens que a estudante Adelle, de 7 anos, descobriu um novo asteroide, que foi nomeado pela turma como LIA-014.
“Eu achei o asteroide no tablet, no aplicativo que se chama Astrometrica, com o tio Welton, vendo um mini pontinho”, disse Adelle.
Imagens do asteroide encontrado pelas crianças — Foto: Welton Dionisio/Arquivo Pessoal
“Carl Sagan, grande astrônomo e divulgador científico, dizia que toda criança é um cientista nato, mas poucas delas passam pelo sistema educacional com sua admiração e entusiasmo pela ciência intactos. Sei que vai ser um momento inesquecível e transformador não só para a gente, mas para todos aqueles que estão contribuindo e sonhando juntos esse sonho”, disse Welton, emocionado.
A descoberta rendeu à equipe um convite para receber medalhas do programa Caça Asteroides em uma cerimônia que será realizada durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Brasília, no dia 9 de novembro. As crianças, que comemoram a premiação ao lado do professor, falam sobre a experiência com entusiasmo.
“Eu agradeço muito ao tio Welton, que já pesquisou muitas coisas na vida. Para mim é muito importante, porque é uma experiência muito legal a de achar os asteroides, divertida, muito massa. Para a gente era muito legal ficar dando nome para os asteroides”, disse Leonardo Miguel, de 9 anos.
“Eu acho a astronomia muito interessante. Eu aprendo como o mundo funciona. E eu fiquei muito feliz que a Adelle encontrou o asteroide. Eu estou muito feliz de ir para Brasília”, afirmou Maitê Modesta, de 9 anos.
Após dois anos de análise pela International Astronomical Search Collaboration (IASC), o novo asteroide encontrado pelo professor Welton e pelas crianças poderá ser batizado com um nome oficial escolhido pela turminha de jovens cientistas.
O projeto Caça-Asteroides, que iniciou em 2006, busca estimular o interesse das pessoas pela ciência, oferecendo uma oportunidade para que cidadãos comuns e estudantes, com orientação técnica de um líder, possam colaborar na identificação de novos asteroides através de imagens do céu capturadas por um telescópio da Universidade do Havaí.
Os participantes analisam essas imagens através do software Astrometrica e marcam todos os pontos em movimentos, os quais são potenciais asteroides. Posteriormente, a International Astronomical Search Collaboration (IASC) confirma em seu site quais dos pré-avistamentos são realmente novos asteroides.
G1