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Rússia inicia exercício para simular lançamento de armas nucleares táticas

As forças russas iniciaram a primeira fase de exercícios para simular a preparação para o lançamento de armas nucleares táticas, informou o Ministério da Defesa nesta terça-feira (21).

Os exercícios foram ordenados pelo presidente Vladimir Putin, e o governo russo relacionou a simulação ao que chama de “declarações militantes” de autoridades ocidentais, como falas do presidente francês Emmanuel Macron, que criariam ameaças à segurança da Rússia.

Analistas de armas nucleares dizem que os exercícios foram planejados como um sinal de alerta de Putin para dissuadir o Ocidente de se aprofundar na guerra na Ucrânia. Os países ocidentais forneceram armas e informações aos ucranianos, mas não enviaram tropas.

O Ministério da Defesa russo afirmou que a primeira fase do exercício envolveu mísseis dos tipos Iskander e Kinzhal.

O objetivo é garantir que as unidades e equipamentos estejam prontos para “o uso em combate de armas nucleares não estratégicas para responder e garantir incondicionalmente a integridade territorial e a soberania do Estado russo em resposta a declarações provocativas e ameaças de autoridades ocidentais individuais contra a Federação Russa”, segundo a pasta.

O treinamento envolveu forças de mísseis no Distrito Militar do Sul da Rússia, que corresponde a uma área próxima à Ucrânia e também inclui partes do território ucraniano que a Rússia controla agora.

Belarus, país que a Rússia afirmou no ano passado que estava implantando armas nucleares tácticas, também estará envolvida na ação, de acordo com os dois países.

Armas nucleares táticas

As armas nucleares tácticas, ou não estratégicas, são menos poderosas do que as armas estratégicas, criadas para destruir cidades inimigas inteiras. Ainda assim, esses dispositivos têm um vasto potencial destrutivo.

Alguns analistas ocidentais acreditam que as armas nucleares não estratégicas adquiriram maior importância para a Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, na qual suas forças convencionais lutam até agora.

Em teoria, a utilização de uma arma do tipo poderia causar um impacto impressionante no Ocidente, sem necessariamente desencadear uma guerra nuclear total, embora o risco de um ciclo de escalada seja enorme.

Entenda o exercício com armas nucleares

A Rússia possui cerca de 1.558 ogivas nucleares não estratégicas, segundo a Federação de Cientistas Americanos, os números exatos sejam desconhecidos.

Eles são controlados pela 12ª Diretoria Principal do Ministério da Defesa da Rússia, conhecida como 12ª GUMO.

O ministério russo disse que as tropas estavam praticando a obtenção de “munições especiais” – ou seja, ogivas nucleares – para mísseis Iskander, equipando veículos de lançamento com eles e “avançando secretamente para a posição designada em preparação para lançamentos de mísseis”.

A pasta complementou que  unidades de aviação também estavam praticando a instalação de ogivas especiais em mísseis hipersônicos Kinzhal e voando para áreas de patrulha designadas.

Um vídeo divulgado pelo ministério mostrou mísseis sendo transportados em um comboio de veículos militares e colocados em posição para disparo.

“Os exercícios são, obviamente, um sinal em resposta à discussão sobre as tropas dos países da Otan [aliança militar ocidental] na Ucrânia. As características mais importantes são o anúncio antecipado e a visibilidade”, avaliou Nikolai Sokov, ex-oficial de controle de armas soviético e russo, à Reuters.

Os militares ocidentais acompanharão de perto os exercícios e tentarão tirar conclusões sobre quanto tempo teriam se a Rússia utilizasse essas armas de verdade, ponderou o especialista.

“O envolvimento da 12º GUMO pode produzir insights sobre quanto tempo leva o lançamento de ogivas, o quão detectáveis são”, destacou Sokov, pesquisador sênior do Centro de Desarmamento e Não-Proliferação de Viena.

O envolvimento de Kinzhal, segundo Sokov, era “um elemento novo que eu não esperava ver”, embora não haja dúvidas sobre a sua capacidade de transportar ogivas nucleares e convencionais.

Quando Putin ordenou os exercícios neste mês, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia vinculou a medida aos comentários de Macron, que sugeriu a possibilidade de enviar tropas europeias para combater na Ucrânia.

Também foi relacionada à fala do secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, que disse que Kiev tinha o direito de usar as armas fornecidas por Londres para atingir alvos dentro da Rússia.

Além disso, a pasta citou o fornecimento de mísseis ATACMS britânicos, franceses e norte-americanos de longo alcance para o Exército ucraniano.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou em 6 de maio que os exercícios deveriam enviar um “sinal preocupante” ao Ocidente e aos seus “fantoches” na Ucrânia.

“Esperamos que estes exercícios arrefeçam as cabeças quentes nas capitais ocidentais”, pontuou, acrescentando que o Ocidente deve perceber “as potenciais consequências catastróficas dos riscos estratégicos que estão gerando” e parar antes do confronto militar direto com a Rússia.

 

CNN Brasil

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