O Egito anunciou, neste domingo, a suspensão das saídas dos moradores de Gaza feridos e portadores de passaportes estrangeiros através da passagem de Rafah, em informação confirmada à imprensa pelo embaixador brasileiro junto à Autoridade Nacional Palestina (ANP), na Cisjordânia, Alessandro Candeas. A suspensão ocorreu após forças israelenses atingirem um comboio de ambulâncias no sábado — deixando 15 mortos e 60 feridos.
Com a decisão, as autoridades não divulgaram uma nova lista de estrangeiros liberados para a saída do território neste domingo. No sábado, mais 599 estrangeiros foram autorizados a atravessar a fronteira, nenhuma delas do Brasil — segundo o Itamaraty, há 34 pessoas no aguardo: 24 são brasileiros, 7 são palestinos em processo de imigração e 3 são parentes próximos.
A única saída viável de Gaza hoje é pela passagem de Rafah, no sul do enclave, na fronteira com a Península do Sinai egípcia. A passagem está sob controle do Egito desde um acordo fechado com Israel, em 2007, quando o Hamas tomou o poder na Faixa de Gaza e expulsou o grupo palestino laico Fatah para a Cisjordânia, onde controla a Autoridade Nacional Palestina (ANP), reconhecida pela ONU como legítima liderança dos palestinos.
Nos 16 anos seguintes, Israel e Egito mantiveram um duro controle do que (e de quem) entra e sai do território dominado pelo Hamas. Caminhões de ajuda humanitária, entretanto, ainda podem entrar na região.
A Faixa de Gaza tem apenas outras duas passagens para saída e entrada de pessoas e mercadorias. Uma é a de Erez, que fica ao norte e leva ao sul do território israelense, e foi atacada pelo Hamas na invasão do dia 7 de outubro. A outra passagem, de Kerem Shalom, serve apenas ao transporte de cargas e também está no sul de Gaza, na fronteira com Israel e perto do território egípcio.
As saídas por Rafah começaram na quarta-feira como parte de um acordo internacional mediado pelo Catar para permitir que detentores de passaporte estrangeiro, seus dependentes e feridos de Gaza deixassem a região e, desde então, centenas de pessoas já saíram do território, incluindo feridos que estão recebendo tratamento em hospitais no Sinai.
Pouco depois dos ataques terroristas do Hamas, em 7 de outubro, o governo de Israel emitiu um ultimato aos palestinos de Gaza para esvaziarem o Norte do enclave, antes de uma invasão por terra. “Saiam agora”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aos moradores da região que inclui a Cidade de Gaza, a maior e mais importante do território. Pelo menos 1 milhão de pessoas foram obrigadas a se retirar de uma vez só, em meio à destruição dos bombardeios.
Gaza é palco de bombardeios e combates terrestres entre tropas israelenses e o grupo Hamas, que lançou um ataque sem precedentes contra o Estado judeu em 7 de outubro, deixando mais de 1.400 mortos, segundo as autoridades israelenses. O governo do Hamas em Gaza afirma, por sua vez, que mais de 9.770 pessoas, a maioria civis, morreram no território devido aos bombardeios retaliatórios israelenses.