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Vídeo mostra momento em que gerente de restaurante é morta a tiros em shopping de João Pessoa

Imagens do circuito interno de segurança do Mangabeira Shopping, em João Pessoa, mostram o momento em que Mayara Valeria Barros, gerente de um restaurante do shopping, é morta a tiros por um homem que teria sido recusado em uma vaga de emprego no estabelecimento, no último dia 12. O g1 teve acesso ao vídeo, que mostra também quando Luiz Carlos Rodrigues dos Santos faz um funcionário do restaurante refém e atira contra policiais, antes de ser preso.

O vídeo começa às 12h40 do dia 12 de janeiro. Luiz Carlos aparece indo em direção a mesa onde Mayara está sentada com o proprietário do restaurante. Ele aborda a vítima, que se levanta e conversa com o suspeito por cerca de um minuto. Quando a conversa acaba e Mayara vira de costas para Luiz para sentar à mesa novamente, ele toca no ombro dela e atira, assim que ela se vira para ele novamente.

Segundos antes do primeiro tiro, o dono do restaurante, que estava sentado, se levanta e corre. Após o disparo, várias pessoas que estavam no restaurante também correm. De outro ângulo, é possível ver quando Mayara começa a correr e cai. O suspeito se aproxima e atira várias vezes contra ela, que ainda consegue se levantar e correr. Luiz ainda atira outras vezes contra Mayara, que cai pela última vez na frente de uma lanchonete.

O suspeito retorna ao restaurante, para atrás do balcão e recarrega a arma. Neste momento, é possível ver pelo canto superior esquerdo do vídeo quando os policiais se aproximam do restaurante. Cerca de dois minutos depois de atirar em Mayara, o suspeito toma um funcionário do restaurante como refém e o mantém na mira da arma por cerca de três minutos. Durante este período, ele ainda atira na direção dos policiais, antes do vídeo se encerrar às 12h46.

Motivação do crime

 

Segundo a delegada Luísa Correia, titular da delegacia de Homicídios de João Pessoa, Luiz Carlos Rodrigues dos Santos chegou a afirmar à polícia, depois do crime, que teria sido menosprezado após uma entrevista de emprego no restaurante. De acordo com o depoimento, no dia do crime, ele teria dito que precisava da vaga e a gerente teria dito que aquilo não era um problema dela, segundo a delegada.

O suspeito se entregou à polícia e foi preso em flagrante após atirar e matar Mayara e manter um funcionário do restaurante refém. Ele teve a prisão convertida em preventiva no dia seguinte e foi levado para o presídio do Róger, na capital paraibana.

Mayara Barros era gerente de um restaurante em shopping de João Pessoa e foi morta a atiros por homem que se sentiu rejeitado após entrevista de emprego — Foto: Reprodução

Mayara Barros era gerente de um restaurante em shopping de João Pessoa e foi morta a atiros por homem que se sentiu rejeitado após entrevista de emprego — Foto: Reprodução

Policial civil que estava almoçando negociou com suspeito

 

Um policial civil estava almoçando no local na hora em que tudo aconteceu. Depois que Mayara foi baleada, o policial se aproximou do suspeito, que ainda estava com a arma em mãos. Então Luiz Carlos entrou de novo no restaurante, fez um homem refém, “um escudo humano”, para que não fosse atingido por nenhuma bala.

Segundo a polícia, o homem atirou “duas ou três vezes” contra os policiais que estavam sem fardamento naquela ocasião. O vídeo mostra esses disparos.

Após os disparos contra a polícia, o policial sem fardamento jogou um número de telefone escrito em um papel para que o homem pudesse entrar em contato e se comunicar. O objetivo era começar as negociações para libertar o refém.

Gerente morreu em frente a restaurante da praça de alimentação de shopping, em João Pessoa — Foto: Arquivo pessoal/Renan Nóbrega

Gerente morreu em frente a restaurante da praça de alimentação de shopping, em João Pessoa — Foto: Arquivo pessoal/Renan Nóbrega

De acordo com Luísa Correia, o momento em que o homem levou o refém para a sacada do shopping foi acordado com os agentes como forma de o suspeito chegar perto do bilhete e ser “tranquilizado”.

“Um número de telefone num pedaço de papel foi lançado, e os policiais falam pelo telefone e o tranquilizam. Há um momento em que ele vai para a sacada do shopping, mas foi combinado, porque como ele [um policial] lançou o papel com telefone próximo, para resguardar a própria vida, não podia chegar perto do atirador. Pediram pra ele ir para a varanda para conseguir pegar o papel”, explicou.

A delegada também informou que, após ocorrer a comunicação entre o suspeito e a polícia, o homem cedeu, tirou as munições do revólver, colocou a arma em uma mesa e foi preso. No momento da comunicação, o suspeito disse para o policial que estava fazendo aquilo por conta do processo seletivo em que foi recusado no restaurante.

Suspeito preso após atirar em gerente de restaurante dentro de shopping em João Pessoa — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Suspeito preso após atirar em gerente de restaurante dentro de shopping em João Pessoa — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Crime foi premeditado

 

Após o crime, a polícia fez um trabalho de investigação na casa do suspeito. A perícia inicial que foi feita traz a tese de que o homem foi para o Mangabeira Shopping com o intuito de “cometer um ato grave”. As informações foram passadas pelo superintendente da Polícia Civil, Cristiano Santana.

“Foram colhidos depoimentos do proprietário e de funcionários do restaurante e, além disso, de uma forma muito positiva foi realizada uma perícia em um local relacionado e na residência do autor, onde estes elementos só corroboram o fato de que ele saiu realmente de casa com um propósito de cometer algum ato grave, não sabemos se seria homicídio”, disse.

O superintendente explicou também que na perícia realizada na casa do suspeito, havia inscrições na parede, onde existiam os dizeres que “ele não poderia ser julgado pelo que viesse a cometer”.

“Havia inscrições nas paredes da casa onde ele informava que não poderia ser julgado pelo que viesse a cometer, então ele já se deslocou ao shopping com essa ideia predeterminada. É um fato muito grave, até pela quantidade de munições que ele portava ainda”, contou. 

A polícia apreendeu com o suspeito 38 munições intactas e seis deflagradas.

Cristiano Santana informou também que várias perícias estão sendo feitas e que novos depoimentos vão ser colhidos com o intuito de corroborar o que já existe no inquérito. O resultado da primeira perícia feita na casa do homem ainda vai ser divulgado, conforme a delegada Luísa Correia.

No depoimento prestado para a polícia, o suspeito contou que recentemente passou por uma separação com a ex-companheira, morava sozinho e que não tinha ninguém. De acordo com a polícia, o homem não mostrou arrependimento em nenhum momento após a prisão.

“Não há arrependimento, ele se mostra tranquilo e muito consciente do que ele foi fazer ali e do resultado que ele achou positivo para o que fez. Não relatou uso de nenhum medicamento e de nenhuma problemática de fundo psiquiátrico”, disse Luísa Correia. 

O homem já passou por audiência de custódia, onde a prisão em flagrante foi convertida para preventiva. Ele está preso no presídio do Roger e vai aguardar julgamento preso. O suspeito vai responder pelos crimes de homicídio qualificado sem possibilidade de defesa da vítima, cárcere em relação a refém e porte ilegal de arma de fogo.
G1PARAÍBA

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