A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta terça-feira (27/6) esperar uma queda na taxa básica de juros, a Selic, a partir de agosto, com um corte de ao menos 0,25 ponto percentual (p.p.). E afirmou que, se ainda fosse senadora, convocaria Campos Neto para explicar sobre a insistência na manuteção do juro.
As declarações vieramfoi dada após cerimônia realizada nesta manhã no Palácio do Planalto, horas depois da divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Na visão da ministra, a ata do Copom (documento extenso divulgado dias após a reunião do colegiado) veio em um tom diferente do comunicado, divulgado na última quarta-feira (21/6), com linhas gerais sobre a decisão tomada naquele dia pela manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
“Antes de mais nada, de novo a ata vindo forma quase que contrária ao que é dito no comunicado. Acho que esse é um dado que o Banco Central precisa rever. Cria uma situação de estresse desnecessária no comunicado e depois vem com uma ata mais realista”, iniciou Tebet.
Eventual convocação de Campos Neto
Simone Tebet, que é ex-senadora pelo MDB de Mato Grosso do Sul, foi questionada se o Senado Federal deverá tomar alguma medida se não vier um corte nos juros em agosto, ao que respondeu:
“Me despindo aqui dois minutos da minha função de ministra e voltando ao momento em que fui senadora, eu num caso desses, sem dúvida nenhuma, convocaria o presidente do Banco Central. Mas não acredito que vai ser necessário”.
Haddad mostrou otimismo
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também ao comentar a ata do Copom, mostrou otimismo com a redução na Selic.
“Penso que há um consenso em relação à trajetória próxima das taxas de juro. Acho que ficou claro que nós estamos no caminho certo e eu penso que a economia brasileira — em virtude da desaceleração do crédito no Brasil, que é muito acentuada —, precisa considerar o esforço que está sendo feito pelo governo e as trajetórias das variáveis todas”, afirmou Haddad na saída do Ministério da Fazenda.
O ministro ressaltou ainda que “há uma sinalização clara de uma boa parte da diretoria de que os efeitos das taxas de juros elevadas produziram os resultados e de que o risco fiscal está afastado”.
Ata do Copom
De acordo com a ata do Copom, o processo de desinflação no Brasil teve velocidade maior em um estágio inicial. Entretanto, neste momento, vem ocorrendo de forma mais lenta, o que demanda “serenidade e paciência na condução da política monetária”.
“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, diz o Copom.
Metrópoles