Sufocado pela fumaça dos incêndios, Brasil busca culpados e soluções
O governo federal abriu diferentes linhas de combate à onda avassaladora de incêndios florestais que vem atingindo várias regiões do país. A primeira atitude das autoridades foi convocar mais de 3 mil brigadistas para controlar as chamas. Depois, a Polícia Federal abriu 31 inquéritos para apurar incêndios criminosos, e o presidente Lula pede ajuda internacional para combater as mudanças climáticas de forma mais estrutural.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez reunião de emergência com Lula na sede do Ibama em Brasília, na tarde de domingo (25/8). “Nesse momento, é uma verdadeira guerra contra o fogo e contra a criminalidade”, declarou a ministra quando deixou o local. No mesmo dia do encontro, cidades inteiras, como Brasília (DF), Goiânia (GO), Uberlândia (MG) e São José do Rio Preto (SP), ficaram cobertas de fumaça das queimadas.
Marina ainda posou em uma foto ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), simbolizando a entrega de aeronaves para combater os incêndios no estado. Ela defendeu “respostas rápidas e coordenadas”.
Ponto crítico em SP
São Paulo vive uma situação particularmente crítica, em relação aos incêndios no país. Mais de 20 mil hectares foram queimados no estado. O prejuízo para o agronegócio foi tanto que o governo estadual lançou um pacote de R$ 10 milhões para ajudar produtores rurais afetados.
Um condomínio da cidade de São José do Rio Preto chegou a ser evacuado, porque as chamas do incêndio na mata estavam muito próximas das residências (foto em destaque). O aeroporto da cidade foi totalmente fechado por causa das condições climáticas adversas.
Em Altinópolis (SP), na mesma região, cerca de 500 pessoas que estavam em uma festa rave ficaram em pânico ao se depararem com o avanço do incêndio. Elas tiveram que deixar o local e se abrigarem em um ginásio esportivo. Alguns dos participantes do evento precisaram passar por atendimento médico. Parte da estrutura da festa foi destruída pelo fogo.
Criminosos incendiários
Um fator que tem chamado a atenção nos diversos pontos de incêndio espalhados pelo país é a criminalidade. Integrantes do governo suspeitam que boa parte dos incêndios pode ter sido provocada de forma criminosa, aproveitando-se do tempo extremamente seco.
A polícia de São Paulo prendeu em flagrante Alessandro Arantes, de 42 anos, que teria ateado fogo em uma mata na região de Batatais (SP).
Durante a prisão, Alessandro afirmou que era integrante da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele já foi preso anteriormente e tem antecedente criminal por outros crimes, como homicídio.
Já em São José do Rio Preto houve outra prisão. Trata-se de um homem que estava ateando fogo em um lixo despejado em uma área de vegetação.
Na região de Caiapônia (GO), um homem que não teve a identidade divulgada foi preso por suspeita de provocar um incêndio criminoso que destruiu cerca de 700 hectares de fazendas.
Ajuda dos mais ricos
Além de citar as investigações sobre incêndios criminosos, o presidente Lula aproveitou a crise para cobrar ajuda dos países mais ricos no sentido de conter as mudanças climáticas. Ele vem fazendo essa cobrança sempre que comenta questões do meio ambiente.
“Temos que combater as mudanças do clima com muita inteligência, investimento, inclusive com financiamento dos países mais ricos que já devastaram suas florestas. Essa conta não pode ser apenas do Sul Global”, escreveu Lula em sua conta no X logo depois da reunião no Ibama.
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