Um estudo internacional publicado no The New England Journal of Medicine no último dia 5 trouxe esperanças renovadas a pacientes que sofrem de DRT (depressão resistente ao tratamento). A pesquisa revelou que uma terapia combinada que envolve o spray nasal de escetamina demonstrou resultados notavelmente superiores em comparação com os tratamentos convencionais.
A depressão é uma condição mental debilitante, e muitos pacientes não respondem aos tratamentos convencionais, como os antidepressivos ISRS (inibidores seletivos de recaptação de serotonina) e ISRSN (inibidores de recaptação de serotonina-norepinefrina).
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a escetamina, no fim de 2020, “para transtorno depressivo maior em adultos que não tenham respondido adequadamente a pelo menos dois antidepressivos diferentes com dose e duração adequadas para tratar o atual episódio depressivo de moderado a grave (depressão resistente ao tratamento) em combinação com antidepressivos orais (tais como ISRS e ISRSN)”.
O medicamento, todavia, é inacessível a uma grande parcela da população, já que cada frasco custa cerca de R$ 2.500.
Até um terço dos pacientes com depressão não encontra alívio com os medicamentos convencionais, o que os coloca em risco aumentado de comorbidades, de suicídio e internações hospitalares.
A depressão resistente ao tratamento é ainda mais desafiadora, uma vez que os pacientes não apresentam melhora significativa após várias semanas de terapia.
No entanto, esse novo estudo mostrou que adicionar o spray nasal de escetamina ao tratamento existente pode ser uma solução promissora.
O estudo, denominado Escape-TRD Ph 3b, comparou dois tipos de terapias combinadas.
Um grupo de pacientes recebeu a combinação de ISRS/ISRSN e o spray nasal de escetamina, enquanto o grupo de comparação recebeu ISRS/ISRSN com quetiapina de liberação prolongada.
A descoberta mais notável foi que o spray nasal de escetamina foi superior na obtenção da remissão e na manutenção da ausência de recaída em pacientes com DRT, quando ambos os tratamentos foram usados em combinação com um ISRS/ISRSN contínuo.
O professor Andreas Reif, diretor do Departamento de Psiquiatria, Psicossomática e Psicoterapia do Hospital Universitário de Frankfurt e principal pesquisador do estudo, explicou que o tratamento adicional não precisa necessariamente ter efeito antidepressivo, mas pode aprimorar o efeito dos tratamentos existentes.
O spray nasal de escetamina, conhecido por seu efeito analgésico, demonstrou um efeito antidepressivo distinto, ao melhorar a plasticidade neuronal no cérebro, um fator frequentemente reduzido em pacientes com DRT.
Os resultados foram notáveis, com 27,1% dos pacientes no grupo do spray nasal de escetamina alcançando remissão (desaparecimento dos sintomas) na oitava semana, em comparação com apenas 17,6% no grupo de quetiapina de liberação prolongada.
Além disso, a taxa de recaída após seis meses também favoreceu os pacientes tratados com escetamina.
“Na taxa de recaída, também, que monitoramos após seis meses, os pacientes tratados com escetamina mantiveram a vantagem sobre aqueles tratados com quetiapina”, comentou Reif.
Essa descoberta oferece esperança àqueles que sofrem de depressão resistente ao tratamento, uma condição que apresenta desafios significativos na área de saúde mental.
A escetamina, que já é conhecida por seu potencial antidepressivo, agora se destaca como uma opção promissora para melhorar a qualidade de vida desses pacientes.
Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar esses resultados e entender completamente os benefícios dessa terapia combinada, os dados atuais fornecem um vislumbre promissor de um futuro mais brilhante àqueles que enfrentam a batalha contra a depressão resistente ao tratamento, segundo os autores.
R7