Em comunicado oficial, o Comitê do BC afirmou que a decisão foi aplicada considerando o processo de desinflação, os cenários econômicos avaliados no Brasil e no exterior e o balanço de riscos. Reforçou ainda que haverá redução dos juros “de mesma magnitude nas próximas reuniões”.
Nesta reportagem, você vai entender os principais recados do Copom e o que dizem especialistas sobre os seguintes pontos:
o exterior ‘adverso’;
a meta fiscal;
inflação e atividade econômica;
e o futuro da Selic.
Exterior ‘adverso’
A sinalização de novos cortes na Selic já era esperada por grande parte do mercado. No comunicado do Copom, chamou a atenção de economistas o tom de cautela adotado pela autoridade monetária, que abriu o texto alertando para um ambiente externo “adverso”.
“O cenário internacional ganhou destaque em três novas situações, e a palavra ‘cautela’ foi mencionada duas vezes”, observa a economista-chefe da Tenax Capital, Débora Nogueira.
No texto divulgado na quarta-feira, o Comitê mencionou:
a elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos;
a resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países;
Juros mais altos nos Estados Unidos tendem a se refletir em alta na cotação do dólar no Brasil, uma vez que há saída da moeda do país, com o objetivo de buscar a melhor remuneração lá fora.
Também entra nesse contexto os receios do Copom em relação à inflação mundial. Na prática, uma inflação mais persistente tende a exigir maior aperto monetário pelos bancos centrais.
Em relação ao conflito no Oriente Médio, a principal preocupação é sobre o aumento do preço do petróleo, já que a região é uma das mais importantes produtoras e exportadoras da commodity do mundo.
A alta do petróleo tem como consequência a elevação do preço dos produtos derivados, como gasolina e diesel — afetando diretamente a inflação.
Por isso, avalia o Comitê do BC, “o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes”.
“Precisamos monitorar o cenário internacional e as mudanças recentes em decorrência dos conflitos geopolíticos. Isso preocupa, mas ainda não é motivo de mudança de cenário. É o caso de acompanhamento”, analisa Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Meta fiscal
No comunicado da última quarta-feira, o Copom voltou a ressaltar “a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para ancoragem das expectativas de inflação” e “para a condução da política monetária”.
“O Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”, disse o colegiado.
“Eu não quero fazer corte de investimentos de obras. Se o Brasil tiver um déficit de 0,50%, o que que é? De 0,25%, o que é? Nada”, disse Lula na última semana.