As cenas caóticas exibidas após o último recrutamento de soldados russos mostravam os aeroportos lotados de homens que fugiam às pressas do país para escapar da guerra que Vladimir Putin promove na Ucrânia. O Kremlin tratou de enterrar essa alternativa. A convocação de militares será eletrônica e emitida pelo portal de serviços do governo, o Gosuslugi, de acordo com a lei aprovada às pressas pela Duma, a Câmara Baixa do Parlamento.
O novo método de alistamento equivale a uma caçada ao recruta em potencial e impossibilita a sua fuga. Uma vez emitida a intimação eletrônica, ele tem 20 dias para se apresentar ao cartório de alistamento mais próximo e não pode mais sair do país, vender imóveis ou pedir empréstimos. Quem não comparecer, enfrentará medidas duras, como a proibição de dirigir e receber benefícios estatais.
A convocação por escrito, como é feita atualmente, permite essas brechas, pois precisa ser entregue pessoalmente. O portal Gosuslugi já abrange pagamentos e serviços estatais e se estenderá ao alistamento militar.
Russos chegam ao aeroporto de Erevan, na Armênia — Foto: Karen MINASYAN / AFP
Quando o Kremlin anunciou, no ano passado, a mobilização de 300 mil homens para as forças armadas, o pânico se alastrou em forma de fuga em massa e protestos de rua. Segundo estimativas do Ministério da Defesa do Reino Unido, a Rússia sofreu 200 mil baixas na guerra, entre mortos e feridos.
O Ministério da Defesa solicitou recentemente, e Putin assentiu, o aumento de seu contingente de 1,15 milhão para 1,5 milhão. O alistamento este ano prevê a contratação de 521 mil militares — 116 mil a mais do que em 2022 — e um esforço hercúleo do governo para encontrar militares profissionais. Além disso, a idade mínima para o recrutamento, entre 18 e 27 anos, será ampliada e ficará entre 21 e 30 anos.