O livro do chef López-Alt manda a gente tratar a cozinha como um laboratório (The Food Lab: Better Home Cooking Through Science [O Laboratório de Comida: Como Cozinhar Melhor em Casa Seguindo a Ciência, em tradução livre do inglês]). E é nesse ponto que estamos chegando.
Uma das ferramentas para isso é a Freshtag, da startup sueca Vitsab, que indica por cores (verde, amarelo e vermelho) como está a qualidade do alimento de acordo com a sua temperatura em tempo real. A Freshtag pode ser calibrada conforme as características e necessidades de conservação de cada alimento.
Mas como saber se devemos ou não consumir os alimentos vencidos, ou perto da data de validade? Aqui no Brasil, quem regulamenta o prazo de validade é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De acordo com esse órgão, todo produto embalado deve ter data de validade impressa no rótulo. E prazo de validade “é o intervalo de tempo no qual o alimento permanece seguro e adequado para consumo, desde que armazenado de acordo com as condições estabelecidas pelo fabricante”.
Permanecer seguro é não causar doenças alimentares, não ter perda de nenhum nutriente ou componente e não se deteriorar. A Anvisa publicou um guia para determinar prazos de validade de alimentos (nº 16/2018). E tudo precisa de prazo de validade?
Não é exigido o prazo de validade para:
– açúcar sólido;
– bebidas alcoólicas que contenham 10% (v/v) ou mais de álcool;
– frutas e hortaliças frescas, incluídas as batatas não descascadas, cortadas ou tratadas de outra forma análoga;
– goma de mascar;
– mel e melado;
– produtos de confeitaria à base de açúcar, aromatizados e ou coloridos, tais como: balas, caramelos, confeitos, pastilhas e similares;
– produtos de panificação e confeitaria que, pela natureza de conteúdo, sejam em geral consumidos dentro de 24 horas seguintes à sua fabricação;
– sal de qualidade alimentar (não se aplica para sal enriquecido).
– vinagre;
– vinhos, vinhos licorosos, vinhos espumantes, vinhos aromatizados, vinhos de frutas e vinhos espumantes de frutas;
A Anvisa também dispensa a obrigatoriedade de indicar prazo de validade para vegetais frescos embalados. Mas o produtor ou a empresa podem colocar.
Se não tiver data, como saber se um alimento está próprio para consumo? Afinal, muita gente apagou prazo de validade lavando e passando álcool nas embalagens durante a pandemia!
Outras alternativas, porém empíricas, para saber se está tudo em ordem para consumo é o uso do olfato, visão e checagem das condições da embalagem:
Olfato
Cheirar o produto é uma atitude recomendada para identificar se o alimento está próprio ou impróprio para consumo. É fácil saber se o alimento está com algum odor diferente do normal. Apesar de que esse sentido pode enganar quem não tiver olfato bom ou quem nunca tenha cheirado o dito cujo alimento antes. Mas, na dúvida, não coma!
Visão
Quando um alimento já está impróprio, suas características também podem mudar. Veja se há manchas, texturas, colorações, consistências, formatos, brilhos ou até mesmo opacidades que não são padrão para aquele alimento. A mesma coisa aqui: na dúvida, não coma!
Embalagem
Nos enlatados e envasados em vidro, o estufamento pode indicar a presença de gases. Se tem gás, tem contaminação microbiológica. Nas demais, confira se as embalagens estão intactas, sem vazamentos ou microfuros. Se está bem soldada, com lacre e selos sem rompimentos, sem deformação. Evite latas amassadas. E confira se não há remarcação na data de validade. A mesma coisa aqui: na dúvida, não compre essas embalagens e não coma o que está dentro delas!
Mais tecnologia e mais precisão
E, para evitar o empirismo ou o mau funcionamento dos nossos sentidos básicos, podemos ser salvos novamente pela tecnologia dos alimentos. Um dispositivo de LED, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Melbourne (Austrália) e da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), é capaz de detectar se a comida está estragada. Esse LED também identifica com luz infravermelha gases letais no ambiente. Se colocado dentro da geladeira, o dispositivo pode enviar uma notificação de que a carne está estragando ao detectar a presença de gases prejudiciais, por exemplo.