A Polícia Federal intimou o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), a prestar depoimento na quarta-feira (17) nas investigações de um suposto esquema de espionagem ilegal de autoridades dos Três Poderes. O depoimento foi agendado na superintendência da PF no Rio de Janeiro. Servidores da Abin também serão ouvidos na próxima semana.
A PF quer esclarecimentos do deputado sobre elementos encontrados nas fases da Operação Última Milha.
Durante a investigação, a Polícia Federal encontrou no computador de Alexandre Ramagem um áudio de 1h08 — segundo a PF, possivelmente gravado por ele mesmo —, no qual o então presidente da República, Jair Bolsonaro, o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e possivelmente a advogada do senador Flávio Bolsonaro tratam sobre as supostas irregularidades cometidas pelos auditores da Receita Federal na confecção de um Relatório de Inteligência Fiscal que deu início à investigação contra Flávio Bolsonaro.
Para os investigadores, isso evidencia o uso da estrutura da Abin para tentar retaliar os auditores que investigaram Flávio no caso da rachadinha.
Os investigadores encontraram várias mensagens em que Marcelo Bormevet, policial federal, e Giancarlo Gomes Rodrigues, militar, se referem a ordens ilegais dadas por quem chamam de “mestre” ou “chefe”. Os dois trabalharam na Abin na gestão Ramagem e foram presos na operação.
De acordo com a PF, as provas indicam que a expressão “mestre” é potencialmente vinculada ao superior hierárquico Alexandre Ramagem e que as ações clandestinas eram voltadas para obtenção de vantagens políticas advindas dos ataques aos opositores, instituições, sistema eleitoral e outros eixos de atuação.
O que diz Ramagem
Em postagem nas redes sociais, Ramagem negou irregularidades apontadas em relatório da Polícia Federal durante sua gestão na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no governo Jair Bolsonaro.
Segundo o deputado, o sistema israelense FirstMile, contratado pela Abin, não foi usado para monitoramentos ilegais, que as autoridades citadas não foram espionadas e que os policiais “desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas”.
Em relação ao áudio, o deputado disse que não houve uso dos sistemas para interferir em processos ligados ao senador Flávio Bolsonaro, filho do então presidente Jair Bolsonaro.