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O câncer em dez anos: oncologistas apontam os 6 tipos com as maiores expectativas de cura e com as piores previsões

 

Hoje, o câncer mata cerca de 10 milhões de pessoas por ano, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora a expectativa para o futuro em relação a novos diagnósticos não seja muito otimista – com especialistas citando o impacto cada vez maior de hábitos de vida nocivos nos números de novos casos –, o cenário do tratamento, e até da possibilidade de uma cura, é mais animador.

É o que dizem oncologistas ouvidos pelo GLOBO, que contam como novas tecnologias em desenvolvimento têm demonstrado resultados promissores e podem mudar o jogo para tumores como de pulmão, de mama e hematológicos (leucemia, linfoma e mieloma) na próxima década. Enquanto isso, outras neoplasias, como de cérebro, de pâncreas e de fígado, devem avançar de forma mais lenta.

Novos tratamentos

As principais ferramentas que devem chegar aos pacientes são modalidades novas da imunoterapia, terapias celulares, como o famoso Car-T Cell, e o avanço de drogas-alvos, direcionadas a subtipos específicos de cada câncer identificados pela análise genética do tumor.

No caso da imunoterapia, descoberta que rendeu o Nobel de Medicina a uma dupla de cientistas em 2018, hoje a técnica envolve principalmente os chamados inibidores de checkpoint, medicamentos que bloqueiam proteínas expressadas pelo câncer que fazem com que ele se “esconda” do sistema imune.

— Agora estamos vendo surgir novas estratégias, como os anticorpos conjugados a drogas, em que a quimioterapia se acopla a um anticorpo para ser entregue dentro da célula. Outra são anticorpos biespecíficos, que se ligam a dois alvos ao mesmo tempo. E tem as vacinas terapêuticas com a tecnologia de RNAm, das doses da Covid-19, que ensinam o sistema imune a combater o tumor específico do paciente. É um futuro promissor — diz o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e do Instituto Oncoclínicas, Carlos Gil.

Outra técnica que já ganha notoriedade com relatos de pacientes é o Car-T Cell. A terapia celular também envolve o sistema imune, porém funciona de forma diferente. Nela, os linfócitos T (células de defesa) são retirados do paciente e alterados geneticamente em laboratório para reconhecerem os antígenos do tumor específico daquele indivíduo. Em seguida, são reintroduzidos e passam a combater o câncer.

— É outra área que vai se destacar muito. É como se eu pegasse o soldado, o modificasse para ele reconhecer melhor o bandido. Por enquanto, está aprovado apenas para câncer hematológico, mas existem diversos estudos com terapias semelhantes em andamento para os tumores sólidos — afirma o oncologista Antonio Carlos Buzaid, diretor médico geral do Centro de Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

A mudança no cenário passa ainda por um maior entendimento das subdivisões do câncer a nível genético, e pelo uso de fármacos mais efetivos para cada versão, explica a chefe da divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Andreia Melo.

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