O senador Marcos do Val (Podemos-ES) chegou à sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, às 13h40 desta quarta-feira (19/7), para depor sobre as variadas versões apresentadas de um possível plano para grampear o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o parlamentar, a trama foi anunciada em reunião com Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), em 8 de dezembro de 2022.
O ex-presidente compareceu à PF na última quarta (12/7) para falar aos investigadores sobre o caso. Na ocasião, ele confirmou a reunião com Do Val e Silveira, mas negou qualquer plano contra Moraes. Definiu ainda a história comentada pelo senador como “coisa de maluco”.
A investigação foi aberta em fevereiro, quando, após contabilizar quatro diferentes versões apresentadas pelo senador, Alexandre de Moraes decidiu pelo esclarecimento da questão.
“Ouvido sobre os fatos, o senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento, bem como para a apuração dos crimes de falso testemunho (art. 342 do Código Penal), denunciação caluniosa (art. 339 do Código Penal) e coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal)”, anunciou o ministro em decisão.
As contradições de Marcos do Val
Inicialmente, na primeira denúncia feita por Marcos do Val, o senador disse, nas redes sociais, que houve uma “tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto a ele”.
Segundo Do Val, o plano seria gravar clandestinamente Moraes e usar o conteúdo para questionar o resultado das eleições de 2022, que deram a vitória ao atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O senador teria sido escolhido por ser uma pessoa próxima de Moraes.
Depois, o parlamentar mudou a versão e declarou que o ex-presidente teria ficado calado durante toda reunião que tiveram. Nesta versão, ele responsabilizou o ex-deputado Daniel Silveira pelo plano e ainda garantiu que denunciou tudo ao ministro do STF.
Na manhã da última quarta (12/7), quando Bolsonaro compareceu à PF, o senador negou envolvimento com qualquer plano golpista, e afirmou ter “apreço pela democracia”. O pronunciamento ocorreu após a coluna de Rodrigo Rangel, do Metrópoles, revelar trocas de mensagens em que Do Val detalha o passo a passo de uma suposta trama golpista, alinhada com Bolsonaro e Silveira.
CPI de 8 de janeiro
Em junho deste ano, Moraes autorizou uma operação de busca e apreensão contra o senador. As buscas ocorreram no apartamento funcional do congressista em Brasília, no gabinete dele no Senado e em um endereço no Espírito Santo.
As medidas foram solicitadas depois de os investigadores identificarem tentativas do senador de atrapalhar as apurações sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. No fim de junho, o senador solicitou afastamento das atividades parlamentares após precisar de atendimento médico durante uma sessão da CPI que investiga os ataques de 8 de janeiro.
Metrópoles