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Lula volta à articulação política e quer intensificar diálogo com bancadas

Após o risco real de ver rejeitada a medida provisória que redesenhou a Esplanada dos Ministérios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se convenceu de que precisa atuar mais diretamente no diálogo entre Palácio do Planalto e Congresso. A vitória, ainda que parcial, na aprovação da MP — em que as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas perderam atribuições — tem as digitais do chefe do Executivo, que prometeu promover, a partir das próximas semanas, rodadas de conversas com as bancadas dos partidos aliados, tanto na Câmara quanto no Senado.

Esses encontros vão ocorrer no Palácio da Alvorada, após o expediente regular no Planalto, em uma espécie de happy hour, sem muitas formalidades. Lula pretende ouvir, diretamente, e em um ambiente descontraído, as queixas dos parlamentares em relação à articulação política do governo, e propor medidas para “organizar, dar um método para o atendimento das principais demandas”, segundo explicou um líder governista ouvido pelo Correio. A ideia é reunir, separadamente, bancada por bancada, partido por partido. Legendas que não fazem parte da base também serão convidadas, como o PP e o Republicanos.

Essas rodas de conversa ainda vão ajudar o petista a reduzir o poder de intermediação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nas negociações em torno da liberação de emendas e indicação de cargos no Executivo. A agenda desses encontros começará a ser definida nos próximos dias pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com a ajuda dos líderes do governo no Congresso. A sugestão de levar parlamentares ao Alvorada surgiu em uma reunião fora da agenda oficial, na semana retrasada, entre Lula, Padilha e o líder da maioria no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), no Planalto.

Como o presidente tinha um compromisso importante na semana passada, a reunião de cúpula dos países da América do Sul, com vários compromissos bilaterais, não havia espaço para dar início a esses encontros. Para salvar a MP dos Ministérios, a saída foi intensificar os contatos telefônicos com parlamentares e liberar mais um lote grande de emendas parlamentares — cerca de R$ 1,7 bilhão.

Além das falhas de articulação da base governista e a falta de conversas olho no olho com o chefe do Executivo, o governo vem liberando a conta-gotas as emendas prometidas em troca de apoio em seus projetos. Com medo da derrota do projeto na Câmara, em apenas um dia R$ 1,7 bilhão foi liberado em emendas parlamentares, conforme informações do portal do Orçamento Federal.

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