Era outubro de 2020 quando Bolsonaro, então presidente da República, anunciou um dos requisitos para indicar o futuro ministro do STF: “tomar tubaína comigo”. E complementou: “A questão de amizade é uma coisa importante, não é? O convívio da gente”.
Três anos depois, Bolsonaro está fora do governo, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva- mas o ex-presidente parece ter deixado um novo modelo para indicações ao STF e também para a PGR.
Nos bastidores da posse de Cristiano Zanin, na quinta-feira (3), em Brasília, o assunto predominante era o dia seguinte do STF e da PGR: quem serão os novos indicados do presidente?
As disputas estão em aberto e abriram uma guerra nos bastidores. Os nomes cotados são vários e ninguém arrisca cravar uma decisão de Lula, mas, sim, um objetivo: o presidente quer uma bancada para chamar de sua no STF.
Zanin, ex-advogado de Lula, foi uma escolha pessoal do presidente, de foro íntimo. Zanin desbancou e driblou diversas pressões e concorrentes apadrinhados por autoridades e aliados influentes de Lula. Mas, no fundo, não havia páreo: a caneta que pesou foi a carregada com a tinta “eu não posso mais errar no STF”- e não errar, para Lula, é indicar um ministro em quem confie 100%.
A expressão virou uma espécie de mantra de Lula quando das discussões dos futuros membros do Judiciário.
Para a vaga de Rosa Weber, aliados veem com dificuldade o cenário em que Lula ignore a demanda por mais mulheres na corte – além do simbolismo negativo de tirar uma mulher e nomear mais um homem. Sem contar que um grupo próximo de Lula vê nessa solução a melhor fórmula para Lula fugir das pressões políticas por indicar um nome que atenda a um grupo de aliados e não a outro.
Por isso, conselheiros de Lula correm para apresentar nomes ao presidente- como o da promotora Simone Shreiber. Aqui, pesa também os conselhos da primeira-dama, Janja.