Hanseníase, peste negra e gota: veja essas e outras doenças antigas que ainda circulam no mundo
Tempo vai, tempo vem, e uma coisa que se perpetua a cada era, é a existência de doenças. Com os avanços da medicina e da tecnologia, a humanidade pôde compreender melhor os males que a afetam, assim como o diagnóstico, tratamento e prevenção.
No entanto, mesmo diante de tantos progressos na área médica, ainda é possível encontrar registros de enfermidades que marcaram a história mundial. Veja a seguir as doenças antigas que permanecem e podem afetar a população:
As máscaras foram um símbolo histórico no combate à peste na Idade Média
WIKIMEDIA COMMONS
• Causas: Conhecida também como peste, ou peste bubônica, a doença é causada pela infecção pela bactéria Yersinia pestis. A bactéria costuma afetar roedores selvagens, como ratos, esquilos e marmotas, sendo transmitidas por meio da mordida de pulgas de ratos, explica o Manual MSD de Diagnósticos e Tratamentos.
a Prefeitura de São Bernardo do Campo, a infecção bacteriana assolou a Europa entre os anos de 1346 e 1353, matando cerca de 50 milhões de pessoas.
• Sintomas: Os sintomas podem envolver febre de até 41°C, calafrios, inchaço de linfonodos com dor local e vermelhidão (chamados de bubões), frequência cardíaca rápida, queda de pressão arterial, aumento de basso e/ou fígado. Pode haver alucinações. No local da mordida da pulga pode ocorrer a formação de um caroço, ulceração ou crosta negra. Segundo o MSD, Mais de 60% das pessoas não tratadas morre, geralmente entre o terceiro e quinto dia.
• Diagnóstico: O diagnóstico é feito com isolamento e a identificação da bactéria em amostras de aspirado de bubão, escarro e sangue, afirma o Ministério da Saúde. O diagnóstico rápido é essencial para diminuir o risco de morte.
• Tratamento: O tratamento envolve o uso de antibióticos e de forma imediata, de modo que reduza o risco de morte para 11%. É importante que os medicamentos sejam iniciados em até 15 horas após o início dos sintomas. O Ministério da Saúde afirma que os antibióticos recomendados são tetraciclinas, estreptomicina e cloranfenicol.
• Causas: Também conhecida como “sarampo alemão”, rubéola é uma doença altamente contagiosa, causada pelo vírus do gênero Rubivirus, da família Togaviridae. A transmissão ocorre por meio de secreções por tosse, espirros e fala.
• Auge da transmissão: De acordo com o Arquivo Público do Governo, houve uma epidemia de rubéola na Europa e nos Estados Unidos entre os anos de 1963 e 1965.
• Sintomas: Pode-se listar febre baixa; linfonodos aumentados na região do pescoço, atrás da orelha e na parte de trás do crânio; e manchas avermelhadas pelo corpo.
• Diagnóstico: O diagnóstico da rubéola é feito por meio de exames laboratoriais, verificando os níveis de anticorpos IgM e IgG para rubéola. Os testes estão disponíveis na rede pública de saúde.
• Tratamento: Não há tratamento específico para a rubéola, sendo utilizados medicamentos conforme a sintomatologia, sendo oferecidos integralmente pelo SUS. A prevenção é feita a partir da imunização, com a vacina tríplice viral.
• Causas: A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. A doença acomete, principalmente, o pulmão, mas pode afetar, também, a outros órgãos, como rins, meninges e ossos.
A transmissão se dá pela aspiração de gotículas eliminadas na tosse, espirros ou na fala.
• Auge da transmissão: De acordo com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a tuberculose é uma das doenças mais antigas do mundo, sendo descoberta em 1882. No entanto, evidências mostram que ossos humanos pré-históricos na Alemanha evidenciam a existência da doença no período, assim como registros de 8 mil a.C. (antes de Cristo).
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informa que a tuberculose teve grande disseminação na Europa no século 18, ficando conhecida como “peste branca” e tendo alta mortalidade durante a Revolução Industrial.
• Sintomas: Tosse por três ou mais semanas; suor noturno; febre no período da tarde; e emagrecimento.
• Diagnóstico: No Brasil, o diagnóstico é dividido em clínico, diferencial, bacteriológico, imagem, histopatológico e por outros testes diagnósticos. Podem ser solicitados a radiografia de tórax, Teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) ou baciloscopia; teste de cultura da bactéria; e teste de sensibilidade aos fármacos.
• Tratamento: Disponível no SUS, o tratamento dura, no mínimo, seis meses, utilizando quatro medicamentos — rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol.
Hanseníase é relatada desde os tempos da Bíblia
DIVULGAÇÃO/AGÊNCIA BRASIL
• Causas: Conhecida anteriormente como lepra, a hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae.
• Auge da transmissão: A infecção é relatada desde os tempos bíblicos. O Ministério da Saúde afirma que a doença é conhecida há mais de quatro mil anos na Índia, China, Japão e Egito. Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos no mundo, sendo um problema de saúde pública com notificação compulsória e investigação obrigatória.
• Sintomas: O Manual MSD alega que a multiplicação das bactérias que causam a doença é lenta, de modo que os sintomas não se manifestam no primeiro ano. Em média, são necessários de cinco a sete anos para o início dos sintomas, e podendo levar até mesmo 30 anos para tal.
Pode-se incluir o aparecimento de manchas, variando entre brancas, vermelhas e marrons; alteração na sensibilidade térmica na pele; áreas de diminuição de pelos e suor; formigamento e fisgadas nas mãos e pés; caroços no corpo; diminuição ou perda de força muscular no rosto, mãos e pés; e comprometimento de nervos periféricos.
• Diagnóstico: O problema é diagnosticado a partir de exame físico geral com dermatologista e neurologista para identificar áreas da pele com lesões e alterações térmicas na pele, assim como sensibilidade e comprometimento dos nervos periféricos. Pode-se necessitar da realização de biópsia com a análise de uma amostra da pele infectada.
• Tratamento: O tratamento é feito com a associação de três antimicrobianos (rifampicina, dapsona e clofazimina), disponibilizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
• Causas: Popularmente conhecida por um episódio da série americana ‘Todo Mundo Odeia o Chris’, a Gota é uma doença causada pelo acúmulo de ácido úrico nas articulações devido às altas taxas da substância no sangue. De acordo com a SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia), a maioria dos afetados são homens entre 40 e 50 anos, com sobre peso ou obesidade, sedentários e usuários de bebidas alcoólicas frequente.
• Sintomas: Devido à inflamação, ocorre inchaço e dedão, acometendo, principalmente, as articulações do dedão, tornozelos e joelhos. As crises costumam ser desencadeadas pela ingestão de bebidas alcoólicas, principalmente vinho tinto e cerveja, dieta rica em determinados tipos de alimentos (ricos em purina, como alguns tipos de carne), trauma físico, cirurgias, quimioterapia e uso de diurético.
• Diagnóstico: O diagnóstico é feito por meio de histórico clínico, exames que identificam níveis de ácido úrico no sangue e na urina, e radiografias.
• Tratamento: As terapias para Gota incluem remédios para aliviar dores e inchaço provenientes da inflamação; repouso e tala com gelo no local afetado; mudanças na alimentação, diminuindo os níveis de ácido úrico; medicamentos para evitar crises e prevenir inflamações; e remédios para diminuir os níveis de ácido úrico.
• Causas: Doença infectocontagiosa, a escarlatina é transmitida bactérias estreptococo do grupo A, que também causam amidalite, artrite, pneumonia, endocardite, impetigo e erisipela, informa a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde. A transmissão ocorre por meio do contato com secreções de pessoas infectadas.
• Auge da transmissão: O CRF/RJ (Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro) afirma que a escarlatina foi uma infecção comum no século 20, na Inglaterra e no País de Gales, até meados de 1930, época em que foram registrados até 100 mil casos.
• Sintomas: A sintomatologia pode incluir febre; calafrios; dor de garganta intensa; manchas escarlates ásperas na pele; caroços avermelhados na língua, recobertos com uma película branco amarelada, que se desfaz e a pele adquire aspecto de framboesa, com papilas inchadas e arroxeadas; mal-estar; falta de apetite; aumento de gânglios no pescoço; dores no corpo, barriga e cabeça; náuseas e vômitos.
• Diagnóstico: O diagnóstico costuma ser clínico, a partir da observação dos sinais, e pode incluir a necessidade de exames de cultura para identificar a presença do estreptococo.
• Tratamento: O tratamento é feito com o uso de antibióticos.
Raquitismo causa anomalias nos ossos
MONTAGEM/NEW YORK PUBLIC LIBRARY
• Causas: A doença é causada em bebês e crianças pela deficiência de vitamina D, sendo que mães com falta do nutriente dão à luz filhos com a doença.
• Auge da transmissão: De acordo com a Fiocruz, houve uma epidemia de raquitismo na Europa durante a revolução industrial.
• Sintomas: Pode-se incluir dor óssea, baixa estatura, retardo do crescimento, arqueamento das pernas, deformidades ósseas e pseudofraturas.
• Diagnóstico: O MSD afirma que o diagnóstico é feito a partir de exames genéticos; radiografias ósseas; análise dos níveis urinários de fostato e creatinina; e exames de níveis séricos de cálcio, fosfato, fosfatase alcalina, 1,25-di-hidroxivitamina D3, PTH (hormônio paratireoideano), FGF-23 e creatinina
• Tratamento: O tratamento do raquitismo é feito com a administração de comprimidos de fosfato e calcitriol, além do Burosumabe para ipofosfatemia ligada ao X.
• Causas: A poliomielite é causada pelo poliovírus, que vive no intestino. A infecção, segundo o Ministério da Saúde, se dá pelo contato com fezes de pessoas infectadas ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes, seja por falta de saneamento básico, más condições habitacionais e higiene pessoal precária.
Nos casos graves, a doença causa paralisia muscular, principalmente dos membros inferiores — levando ao nome de paralisia infantil.
• Auge da transmissão: A OPAS/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde) relata que, há 30 anos, a pólio paralisou mil crianças diariamente, em 125 países. O Brasil erradicou a doença em 1989 e, em 1994, recebeu o certificado de eliminação da pólio. No entanto, desde 2016, a taxa de vacinação está abaixo da meta de 95%, o que pode afetar o status do país.
• Sintomas: Os sintomas podem incluir febre; mal-estar; dor de cabeça; dor de garganta e no corpo; vômitos; diarreia; prisão de ventre; espasmos; rigidez na nuca; meningite; flacidez muscular; assimetria; e deficiência motora súbita.
• Diagnóstico: São necessários a realização dos exames de cultura de líquor e a eletromiografia, assim como a constatação do poliovírus nas fezes do paciente.
• Tratamento: Embora não exista um tratamento específico para a poliomielite, a doença pode ser prevenida a partir da vacina contra a doença, que deve ser administrada em três doses entre crianças menores de cinco anos de idade.
• Causas: A coqueluche é uma doença transmissível, causada pela bactéria Bordetella pertussis, que acomete o trato respiratório. Ela costuma ocorrer em três fases — a fase catarral, com espirros, lacrimejamento, coriza e tosse seca; a fase paroxística, com aumento na frequência e gravidade da tosse; e a fase convalescente, quando os sintomas começam a diminuir.
A doença costuma durar cerca de sete semanas e é transmitida a partir do contato com secreções de pessoas infectadas (geralmente na fase catarral).
• Sintomas: Podem ocorrer febre, coriza, mal-estar, tosse seca, vômitos dificuldade de beber, comer e respirar.
• Diagnóstico: A identificação da doença se dá por exames de cultura de secreções (PCR) e exames sorológicos.
• Tratamento: É recomendado o isolamento do paciente, com a utilização de antibióticos (eritromicina ou azitromicina). A prevenção pode ser feita com a aplicação da vacina DPT (contra difteria, pertussis-coqueluche e tétano), mínimo de três doses.
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