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‘Guardiões da Galáxia Vol. 3’ defende a imperfeição em despedida emocionante da Marvel

 

Em uma época em que os filmes de super-heróis parecem sempre contar uma história maior que a vida, com desafios que colocam em risco a existência da humanidade, a grande ousadia de Guardiões da Galáxia Vol. 3, que estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas, é apostar é um escopo menor para se despedir do grupo no Universo Cinematográfico da Marvel.

Em vez de salvar o mundo, a equipe se concentra em conseguir um artefato que vai evitar a morte de Rocket Racoon (Bradley Cooper). E, para isso, fica evidente que a maior força da equipe está justamente nas falhas e fraquezas de seus membros.

Curiosamente, ao defender essa imperfeição, o filme promove uma despedida quase perfeita para os seus personagens, todos eles tão quebrados quanto qualquer um de nós, mas sempre com chance de redenção.

Heróis do quarto escalão da Marvel, conhecidos apenas pelos fãs mais bitolados dos quadrinhos, os Guardiões da Galáxia viraram um fenômeno na cultura pop com o grande filme de estreia da franquia, em 2014.

Mérito para James Gunn, que conseguiu imprimir o seu estilo cartunesco no universo pasteurizado da Marvel. Guardiões da Galáxia Vol. 3 tem toda a cara do diretor, da mais uma vez excelente trilha sonora à profusão de cores na tela, passando pelo senso de humor que beira a quinta série.

O que parece diferente é a carga emocional, muito mais elevada que a dos outros filmes da franquia e do MCU. A começar pela história paralela da origem de Rocket, vítima de experimentos genéticos do Alto Evolucionário, um vilão que quer produzir uma raça perfeita, papel defendido com uma interpretação deliciosamente caricata de Chukwudi Iwuji.

Ou pela cumplicidade com o espectador, que sabe que aquela é a última aventura da equipe. Gunn, demitido e recontratado pelo Marvel em 2018 após antigos posts problemáticos no Twitter terem sido resgatados, já arrumou a malinha para ser o grande chefe criativo da arquirrival DC.

Dave Bautista (Drax) e Zoe Saldaña (Gamorra) também já declararam que estão se despedindo da franquia. Assim, a gente sabe que existe o risco real de que uma tragédia caia em cima de um ou mais integrantes dos Guardiões.

Por isso mesmo o filme não dá a mínima para as dezenas de pontas soltas no MCU. Não espere referências ao multiverso ou grandes ligações com outros filmes e séries fora da história dos Guardiões. O que importa aqui é concluir a jornada construída por essas personagens nos últimos nove anos. Todo mundo tem o seu tempo para tentar fazer as pazes com o passado.

Até mesmo a ação e os efeitos especiais, tão criticados nos últimos filmes do estúdio, são conduzidos com mais competência.

O ponto fraco é a presença de Adam Warlock. Um dos seres mais poderosos da Marvel, no filme de Gunn ele não passa de uma criança mimada interpretada com o carisma de um rabanete por Will Poulter. O espectador quase não se dá conta que ele some da tela por quase metade do filme.

Mas isso não é capaz de apagar o brilho de Guardiões da Galáxia Vol. 3. O longa é uma bela despedida (ou não?) dos heróis. E também um cartão de visitas do que Gunn poderá fazer agora na DC, a partir do novo filme do Superman que estreia em 2025.

R7

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