Erro de controlador fez aviões ficarem a 60 metros de bater no Texas, aponta investigação; piloto arremeteu e evitou catástrofe
Um erro de um controlador de tráfego aéreo, que assumiu que um avião decolaria de um aeroporto no Texas antes que outro pousasse, fez as aeronaves ficarem a menos de 60 metros de colidir sob uma densa neblina em 2023, concluíram os investigadores federais na quinta-feira (6).
O incidente ocorreu em 4 de fevereiro de 2023 e envolveu um Boeing 737-700 da Southwest, com 128 passageiros, e um Boeing 767-300 cargueiro da Fedex
O avião da FedEx estava na aproximação final para pousar no aeroporto de Austin quando quase colidiu com a parte superior do Boeing da Southwest, que estava acelerando na pista para decolar. Ao perceber o jato da Southwest próximo, o piloto do cargueiro da Fedex arremeteu —e evitou o que teria sido um evento “catastrófico”.
A Junta Nacional de Segurança no Transporte dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês) apontou que os pilotos da Southwest contribuíram para o incidente em Austin ao não informar ao controlador que precisavam esperar um tempo na pista antes de iniciar a decolagem.
O controlador de tráfego aéreo havia autorizado ambos os aviões a usarem a mesma pista. Um desastre potencial foi evitado no último momento, quando os pilotos da FedEx avistaram a silhueta do jato da Southwest e subiram para evitar o perigo.
O pior acidente da história da aviação ocorreu quando dois aviões em meio a uma forte neblina bateram na Espanha, em 1973. Na ocasião, conhecida como o “desastre de Tenerife”, 583 morreram.
O membro da junta, Michael Graham, qualificou o incidente como uma falha na segurança aérea.
De quem é a culpa
Em suas conclusões de causa provável adotadas por unanimidade, a junta de cinco membros também culpou a Administração Federal de Aviação por não exigir que o aeroporto de Austin tivesse tecnologia que teria ajudado o controlador de tráfego aéreo Damian Campbell a rastrear os aviões. Ele disse aos investigadores que não podia ver o jato da Southwest quando este se dirigia à pista.
A junta também sustentou que a falta de treinamento recente dos controladores de Austin para operar em visibilidade reduzida contribuiu para o incidente.
Momento em que aviões se aproximam em aeroporto, no Texas — Foto: Reprodução/FlightRadar24
Os investigadores da NTSB disseram que os controladores em Austin não tinham treinado recentemente nem trabalhado em condições de baixa visibilidade. “Como resultado”, disse o investigador Brian Soper, Campbell “não estava adequadamente preparado para lidar com o tráfego” naquela manhã.
Os investigadores apontaram que o aeroporto de Austin carece de tecnologia de rastreamento terrestre baseada em radar — em uso em outros 43 aeroportos dos Estados Unidos — que teria ajudado o controlador a rastrear os aviões. A FAA anunciou planos para disponibilizar a tecnologia de rastreamento baseada em GPS em mais aeroportos, incluindo Austin.
Os investigadores também notaram que os pilotos da Southwest ainda estavam a 167 metros da pista quando disseram que estavam prontos para decolar. Quando chegaram à pista, demoraram mais tempo para acelerar os motores. Os pilotos deveriam ter informado ao controlador que precisavam de mais tempo, disse o investigador Warren Abrams, um ex-comandante de companhia aérea.
Robert Bradeen Jr., copiloto da FedEx, estava no público na quinta-feira e foi ovacionado. Hugo Carvajal III, comandante do 767 da FedEx, que não estava na audiência, disse aos investigadores que estava “irritado e perplexo” quando ouviu o controlador autorizar a decolagem do jato da Southwest na mesma pista à qual ele se aproximava.
O incidente foi um dos vários ocorridos no ano passado que levaram a FAA a convocar uma “cúpula de segurança” com participantes da indústria da aviação.
Animação do NTSB mostra incidente de quase colisão de fevereiro de 2023 em Austin, nos EUA. — Foto: Reprodução/NTSB
As autoridades da FAA mantêm que a aviação nos Estados Unidos nunca foi tão segura. No entanto, um painel de especialistas independentes concluiu no ano passado que a margem de segurança está diminuindo e que a FAA precisa de melhor pessoal e tecnologia para gerenciar o espaço aéreo nacional.
Segundo a FAA, no ano passado houve 23 das mais graves “incursões na pista” — incidentes que envolvem um ou mais aviões em terra — em comparação com 16 em 2022.
“Estamos indo na direção errada”, disse Homendy.
A NTSB planeja publicar seu relatório sobre o incidente de Austin nas próximas semanas.
G1