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Em meio a crise, presidente do Equador autoriza posse e porte de armas para civis

 

Durante uma transmissão em cadeia nacional de televisão, o presidente do Equador, Guillermo Lasso, anunciou a autorização da posse e porte de armas para defesa pessoal como uma das medidas para combater a onda de insegurança no país.

Em meio a uma crise política que levou à abertura de um processo para seu impeachment, o presidente equatoriano decidiu ir à televisão apresentar na noite de sábado (1°), três medidas urgentes para combater o que chamou de “inimigo comum”, a insegurança causada pelo crime organizado e grupos de narcotraficantes no país.

“Modificamos o decreto que permite a posse e o porte de armas”, disse ele, detalhando seu uso seria permitido para “defesa pessoal de acordo com as exigências da lei e dos regulamentos”.

Também foi autorizado o uso de spray de pimenta para defesa pessoal.

“Estou tão preocupado quanto vocês com a insegurança”, disse ele, observando que a criação de uma operação conjunta das Forças Armadas, da Polícia Nacional e da Inteligência para a segurança do país.

Estado de Emergência por narcotráfico
O Equador declarou estado de emergência, a partir deste domingo (2), em três regiões do país atormentadas pelo tráfico de drogas e pela criminalidade, como o porto sudoeste de Guayaquil.

A medida permite que os militares tomem as ruas, e já foi utilizada três vezes no ano passado.

“Declaramos estado de emergência na zona 8, que inclui (as cidades de) Guayaquil, Durán e Samborondón, e nas províncias (costeiras) de Santa Elena e Los Ríos”, disse o presidente.

Por sessenta dias, essas cidades ficarão sob toque de recolher entre 1h e 5h da manhã. Além disso, ficará suspenso o direito de reunião nesses locais.

“Temos um inimigo comum: a delinquência, o tráfico de drogas e o crime organizado”, afirmou Lasso, que está no poder desde maio de 2021.

Violência da cocaína
Lasso anunciou as novas medidas após vários incidentes violentos nos últimos dias, incluindo assassinatos, o abandono de uma cabeça humana em um parque e o assalto a um banco em um centro comercial movimentado em plena luz do dia na cidade costeira de Guayaquil.

Na mesma cidade, os criminosos esta semana sequestraram um homem e horas depois o deixaram com um dispositivo explosivo preso ao seu corpo em uma rua de Guayaquil, uma das mais atingidas pelo crime. Foram necessárias mais de três horas para desarmar o dispositivo, que foi colado ao colete e à perna esquerda do homem, uma cena nunca dantes vista no Equador.

Entre a Colômbia e o Peru – os maiores produtores de cocaína do mundo – o Equador apreendeu um recorde de 210 toneladas de drogas em 2021, a maior parte de cocaína, destinada aos portos europeus.

As apreensões em 2022 excederam 200 toneladas de drogas em meio a confrontos entre quadrilhas de traficantes, que lutam pelas rotas do tráfico de drogas nas ruas e dentro das prisões.

Nesse período, as mortes violentas aumentaram. A taxa de homicídios quase dobrou entre 2021 e 2022, de 14 para 25 por 100.000 habitantes, conforme as autoridades.

Guayaquil, o centro comercial do país e onde a maioria das drogas é enviada, está entre as localidades mais atingidas pela criminalidade. Na zona 8, foram registradas 434 mortes violentas entre janeiro e meados de março, em comparação com um total de 1.151 assassinatos em todo o país.

Crise política
Os anúncios sobre segurança pública foram feitos em um momento de grande instabilidade política no governo de Lasso. Após aprovação da Justiça, teve início na última sexta-feira (31) o exame do processo de impeachment do presidente na Assembleia Nacional. Lasso e seu cunhado são suspeitos em um caso de corrupção que envolve a distribuição de cargos públicos.

Lasso, que assumiu a presidência em maio de 2021, nega as acusações. O presidente, representante da direita, tem 45 dias para evitar sua destituição em um Congresso em que a oposição tem maioria.

Para piorar, na sexta-feira foi encontrado o corpo do empresário Rubén Cherres, homem que estaria implicado no caso de corrupção estatal. O corpo de Cherres estava junto do de outras três pessoas, dois homens e uma mulher, em Punta Blanca, na província de Santa Elena. Todos tinham marcas de balas e estavam com as mãos amarradas.

 

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