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Em cinco meses de governo Lula, cerveja e combustíveis ficam mais caros, mas picanha barateia

 

“O povo tem que voltar a comer churrasquinho, comer uma picanha e tomar uma cervejinha”, disse o então candidato à Presidência Lula, em sabatina jornalística. Durante a campanha eleitoral, o petista prometeu a queda no preço desses produtos e dos combustíveis.

Porém, não foi isso que aconteceu com dois desses três itens nos cinco primeiros meses de mandato. Somente a carne prometida teve queda no preço. Os dados são do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Entre janeiro e maio, a cerveja teve alta de 2,94%. Já os combustíveis para veículos tiveram expansão de 5,99%. Por sua vez, a picanha ficou 4,4% mais barata. De acordo com especialistas ouvidos pelo R7, somente o produto petrolífero teve interferência do governo Lula.

Segundo Fernando Iglesias, analista sênior da consultoria Safras & Mercado, a variação no valor da carne bovina já era esperada. Ou seja, não houve política do atual governo que tenha favorecido a queda no preço, na visão dele.

“Não houve questões políticas que interferiram na formação do preço da carne ao longo deste ano. Independentemente de quem vencesse essa eleição, nós já tínhamos a percepção de que haveria uma maior disponibilidade de carne bovina agora em 2023.”

Para Iglesias, a atual retração nos valores cobrados acontecem porque há mais bovinos para o abate. Com maior oferta, menores os preços.

“Estamos num momento do ciclo pecuário em que a oferta de bovinos para abate é maior. De 2019 a 2022 o pecuarista brasileiro colocou muito dinheiro dentro da atividade, investiu pesado. Em função disso, nós estamos evidenciando um aumento da capacidade produtiva da bovinocultura de corte no Brasil. Então, o que estamos vendo agora é consequência desse investimento que foi feito lá atrás”, explica ele.

Cerveja

Para a CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja), a bebida alcoólica ficou mais cara por conta do “aumento dos custos acumulados nos últimos anos”. Seriam eles: energia, distribuição e matérias-primas.

Para Paulo Petroni, diretor-geral do grupo, a alta nos preços se deu por conta de uma pressão que veio ainda na pandemia. Com a demanda reprimida, devido a pessoas que não podiam sair de casa, essa forte procura estaria vindo à tona agora, segundo ele.

Petroni disse “desconhecer” qualquer medida tomada pela atual administração do Brasil para baixar os valores cobrados pela cerveja.

Volta dos impostos federais

Já os combustíveis tiveram alta por determinação da Petrobras, em alguma medida. Porém, o que mais impactou foi a volta da cobrança, parcelada, dos impostos federais sobre a fonte de energia.

Em relação especificamente à gasolina do tipo A, até o dia 31 de maio os encargos nacionais adicionavam R$ 0,35 no litro. O preço supostamente alto desse produto na ponta da cadeia (tipo C) foi alvo de críticas do presidente Lula e de seu partido durante a administração de Jair Bolsonaro.

De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o preço ao consumidor nas bombas, na média de todo o país, saltou de R$ 4,96 para R$ 5,21. Esse levantamento foi feito por Francisco Raeder, doutorando em economia na UFF (Universidade Federal Fluminense).

“O preço da gasolina ao consumidor subiu, em média, R$ 0,25 de janeiro até maio deste ano. Entretanto, o preço no produtor (incluindo a Petrobras), recuou no mesmo período R$ 0,23. Ao fim da desoneração, os impostos federais que estavam zerados passaram para R$ 0,35 por litro, o que pressionou a elevação de preços na bomba”, explica ele.

Além disso, Raeder lembra que os preços devem subir ainda mais nos próximos meses. Isso porque uma nova rodada de impostos está prestes a incidir sobre os combustíveis.

Em 2022, o governo Bolsonaro implementou medidas de redução de dois tributos federais que reduziram os valores. Com essa diminuição, a gasolina encerrou o ano passado com queda de 25% no preço.

No começo deste ano, a gestão Lula conseguiu manter a ausência de cobrança tributária por mais 60 dias. Porém, os impostos voltaram parcialmente em março. A segunda parte dos encargos tem previsão de retorno para o dia 1º de julho.

R7

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