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Dólar fecha em R$ 5,11, com decisão de juros nos EUA e melhora na perspectiva de crédito do Brasil; Ibovespa sobe

O dólar fechou em baixa e o Ibovespa encerrou em alta nesta quinta-feira (2), ambos refletindo um maior otimismo dos investidores com o noticiário local e internacional.

No exterior, o mercado repercutiu de forma positiva a decisão de juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), divulgada na véspera. A instituição manteve as taxas básicas do país inalteradas, entre 5,25% e 5,50%.

O resultado já era amplamente esperado pelo mercado, mas as atenções se voltaram para o comunicado divulgado pelo Fed logo após a reunião, que indicou que não há previsão de novos aumentos nos juros.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

Ao final da sessão, o dólar recuou 1,53%, cotado a R$ 5,1134. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,1003. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 0,06% na semana;
  • recuo de 1,53% no mês;
  • ganho de 5,38% no ano.

Na terça-feira, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,52%, vendida a R$ 5,1927.

Ibovespa

Já o Ibovespa fechou em alta de 0,95%, aos 127.122 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 0,47% na semana;
  • avanço de 0,95% no mês;
  • perdas de 5,26% no ano.

Na terça-feira, o índice teve um recuo de 1,12%, aos 125.924 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

No primeiro pregão do mercado brasileiro após a decisão de política monetária do Fed, investidores repercutiram, sobretudo, o comunicado do Comitê, que enfatizou a cautela com a inflação.

 “Nos últimos meses, não houve novos progressos em direção ao objetivo de inflação de 2%”, informou o colegiado, reforçando que os indicadores recentes da economia norte-americana continuaram se expandindo “em um ritmo sólido”.

A inflação anual nos Estados Unidos está estagnada na casa dos 3%, depois de disparar ao longo de 2022 e atingir um nível recorde de 9%. Apesar da queda, o indicador de preços não voltou para dentro da meta do Fed, que é de 2% ao ano.

Portanto, a instituição continua mandando sinais para o mercado de que os juros na maior economia do mundo podem demorar mais para cair. De acordo com a ferramenta FedWatch, que reúne as projeções do mercado para as taxas de juros nos Estados Unidos, um ciclo de corte nas taxas só deve começar em setembro – ou até depois disso.

No entanto, o Fed sinalizou, também, que não planeja novos aumentos para os juros, o que é benéfico para o mercado.

Com a divulgação dos dados, as taxas dos Treasuries de 10 anos, referência global para investimentos, mostraram uma queda ainda maior, e especialistas indicaram que a chance de o Fed começar a cortar os juros em setembro ficou no radar.

Juros mais altos nos EUA acabam levando investimentos para dentro da maior economia do mundo, o que retira dinheiro de outros mercados, principalmente os emergentes, caso do Brasil.

Mudança da perspectiva de crédito do Brasil

No Brasil, o mercado também repercutiu a mudança na classificação do crédito do país. A Moody’s anunciou, ontem, que manteve a nota de crédito do Brasil no nível Ba2, mas mudou a perspectiva da avaliação de “estável” para “positiva”.

A classificação Ba2 mantém o Brasil num “grau especulativo”, que indica um maior risco para investimentos estrangeiros. Porém, com a mudança da avaliação para “positiva”, a Moody’s sinaliza que pode elevar a nota de crédito no futuro.

A Moody’s avalia que as perspectivas para o crescimento real do produto interno bruto (PIB) do Brasil são mais robustas do que nos anos pré-pandêmicos, como consequência da implementação de reformas estruturais em vários governos, bem como pela presença de barreiras institucionais que reduzem a incerteza sobre a direção futura das políticas públicas”, diz a nota da agência.

O comunicado diz que um “crescimento mais forte” e uma “consolidação fiscal” podem estabilizar o peso da dívida nas contas públicas, mas aponta que “há riscos” para a continuidade dessa melhora.

“A afirmação do rating Ba2 está baseada na força fiscal ainda relativamente fraca do Brasil, dado o nível elevado de endividamento do país e sua fraca capacidade de pagamento da dívida, que permanece sensível a choques econômicos ou financeiros”, afirma a Moody’s.

Ainda no cenário interno, investidores aguardam, também, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, que será anunciada no dia 8 de maio. Apesar de o Copom ter sinalizado na última reunião que faria mais um corte de 0,50 ponto percentual na próxima quarta, analistas entendem que a promessa pode ser descumprida.

Além do efeito dos juros americanos na economia brasileira, houve uma piora no quadro de riscos desde que o governo federal anunciou a mudança da meta fiscal para os próximos anos. Para 2025, o governo propôs uma meta fiscal zero, em vez de um superávit de 0,5% do PIB, e redução também para os próximos anos.

A decisão acabou sendo encarada pelo mercado como uma derrota da equipe econômica, que chegou a defender inicialmente pelo menos um superávit primário de 0,25% do PIB. Também foi interpretado que a decisão abre espaço para mais gastos e menor controle da dívida, o que demanda juros mais altos para que investidores estrangeiros considerem o país atraente.

Além disso, o Banco Central monitora a força do mercado de trabalho. Economistas entendem que um contingente menor de desempregados e aumento da renda sem ganhos de produtividade podem gerar pressão na inflação.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego foi de 7,9% no trimestre encerrado em março. Houve uma alta de 0,5 ponto percentual contra o trimestre anterior, mas é o melhor resultado para um primeiro trimestre desde 2014.

Já os dados do Ministério do Trabalho e do Emprego mostram que o Brasil criou 244,3 mil empregos formais em março, alta de 25,7% contra o mesmo mês do ano passado. Foi a maior geração de vagas com carteira assinada para um mês de março desde o início da série histórica do novo Caged, em 2020.

O Senado aprovou na terça-feira o projeto que reduz a quantidade de empresas beneficiadas pelo Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). O texto não sofreu mudanças em relação ao que foi votado pelos deputados e seguirá para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governo queria o fim do projeto, mas teve que negociar com o Congresso, que defendia a continuidade. O número de setores contemplados, atualmente 44, cairá para 30, de acordo com o projeto.

Após acordo entre a equipe econômica e líderes da Câmara, foi possível estipular um limite de gasto de R$ 15 bilhões com as isenções fiscais até 2026. A duração do programa será, portanto, limitada de duas formas: ao atingir o valor de R$ 15 bilhões ou ao chegar em dezembro de 2026.


G1

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