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Dólar em alta, Ibovespa em queda: entenda por que o Fed precisou dar ‘banho de água fria’ no mercado

Desde o último dia 27, o dólar voltou a operar acima do patamar de R$ 5. O caldo azedou porque o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, renovou as sinalizações de que deve manter os juros do país elevados por mais tempo, sendo que as taxas já estão nos maiores patamares em 22 anos.

Fed trava uma longa batalha contra a inflação americana, que está em 3,7% na janela de 12 meses — acima da meta da instituição, de 2%. Além disso, o mercado de trabalho dos EUA continua aquecido, gerando sucessivamente mais vagas do que as projeções apontam. É um cenário que coloca mais dinheiro na mão da população e renova a pressão nos preços.

Há um quê de frustração mais intensa entre os investidores porque havia, meses atrás, a expectativa de que o Fed pudesse sinalizar alguma redução nas taxas. O reforço de que os juros (no mínimo) permanecerão na faixa de 5,25% e 5,50% ao ano fez os analistas recalcularem rota.

O resultado: os títulos públicos americanos se valorizaram, atraíram o fluxo de investimentos e, por consequência, a moeda norte-americana ganhou força contra as demais.

Em relação ao real, o dólar já subiu quase 5% em um mês. Comparado ao menor patamar deste ano, em 26 de julho, a valorização é de 9%. Hoje, a moeda americana passou dos R$ 5,20, assim que foram divulgados dados de emprego nos EUA acima do esperado.

O clima de possível recessão à frente, causada pelos juros altos, renovou a aversão ao risco. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, também sofreu. O indicador caiu mais de 3% em um mês. Desde sua máxima no ano, também em julho, já despencou mais de 7%.

Ruim para o Brasil

 

O momento difícil acontece depois de um começo de ano que foi marcado pelo otimismo para os ativos brasileiros. O dólar ficou abaixo dos R$ 5 por quatros meses, enquanto o Ibovespa viveu um bom período de valorização, chegando aos 122 mil pontos.

Mas a festa começou a dar sinais de que está chegando ao fim. Desde o ano passado, o Fed vem promovendo uma série de aumentos em suas taxas básicas de juros, um movimento que estava mapeado pelo mercado. A inflação americana saiu da casa dos 9% em 12 meses para os 3%, mas segue persistente e acima da meta.

O Fed foi cauteloso no processo, mas as últimas medições de dados econômicos dos EUA fizeram com que a diretoria engrossasse o discurso. Além de indicar que não estava satisfeito com a persistência dos preços, o órgão não descartou novas altas de juros para os próximos meses.

O futuro ainda nebuloso movimentou o fluxo de investimentos para ativos mais seguros, derrubando as bolsas no mundo inteiro. Os títulos do Tesouro americano, chamados de Treasuries, que entregam boa rentabilidade e segurança, acabaram sendo os preferidos, uma vez que a rentabilidade dos papéis de 10 anos foram para os maiores patamares em 15 anos.

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