Dois em cada três diabéticos morrem em decorrência de doenças cardiovasculares, aponta cardiologista
O Brasil tem 16,8 milhões de pessoas com diabetes, figurando como o 5º país em incidência da doença no mundo, e a estimativa é que, até 2030, esse número passe para 21,5 milhões, conforme dados do Atlas do Diabetes, da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
A doença foi responsável por 2,8% das mortes no País em pessoas abaixo dos 60 anos em 2021. Para o cardiologista Valério Vasconcelos, há outro dado que assusta: dois em cada três diabéticos morrem em decorrência de uma doença cardiovascular.
De acordo com o especialista, a incidência de problemas cardiovasculares é alta em casos de diabetes devido ao aumento dos níveis de glicose no sangue. Associado ao colesterol e à pressão arterial, o excesso de glicose promove a formação de placas de colesterol, que entopem as artérias.
Quando o nível de glicose está muito alto no sangue, vários fenômenos ocorrem no organismo. “Dentre eles, o colesterol torna-se mais agressivo, formando maior número de placas de gordura nas artérias coronárias. Além disso, o aumento da glicose no sangue favorece a uma maior formação de coágulos, que também podem obstruir as artérias e provocar um infarto”, afirma o médico.
Valério destaca que o diabetes tipo 2 oferece mais chances para a ocorrência de doenças cardiovasculares. Em geral, há aumento de fatores de risco que favorecem risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e de infarto. Estima-se que cerca de 80% dos pacientes com o tipo 2 da doença tenham problemas cardíacos como causa de morte.
Mas em pessoas com diabetes, os sintomas de infarto costumam ser diferentes. “Em alguns indivíduos diabéticos, por exemplo, podem ocorrer sintomas como falta de ar, surgida sem explicação, sensação de mal-estar generalizado com sudorese, náuseas e vômitos, um desmaio inexplicado e até mesmo uma descompensação do diabetes”, cita o cardiologista.
Parte desses sintomas ocorre por conta de outra complicação do diabetes: a neuropatia autonômica, que é uma disfunção que afeta o sistema nervoso do diabético. “Essa condição faz com que as pessoas sintam menos dor e o quadro clínico do infarto fique mascarado”, comenta Valério.
Formas de prevenção
Quando se fala em cuidados com a saúde, o cardiologista lembra que uma dieta alimentar equilibrada é importante para o controle do diabetes. Além disso, a prática regular de atividade física é outra medida de grande relevância na redução do nível de glicose.
“Quando se trata do infarto do miocárdio e do acidente vascular, o bom controle da glicose, os exercícios físicos regulares, o uso de medicamentos para combater pressão alta e aumento do colesterol e o abandono do cigarro são medidas de prevenção imprescindíveis”, afirma o especialista.
Dentre as principais formas de prevenção do diabetes, Valério ressaltou as seguintes atitudes: não fumar; controlar a pressão arterial; evitar medicamentos que possam agredir o pâncreas; praticar atividade física regular; manter uma alimentação saudável; manter um peso saudável; realizar consulta médica regularmente; e fazer exames de rotina.
Dados da doença no Brasil
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 30% dos brasileiros são hipertensos. Tanto o diabetes quanto a hipertensão podem apresentar sérios riscos à saúde, principalmente quando o paciente apresenta as duas enfermidades: é diabético e hipertenso. Tais doenças estão associadas ao sedentarismo e à má alimentação, portanto, suas causas e fatores de risco são semelhantes.
“Estudos comprovam que diabéticos têm maiores chances de desenvolver pressão alta ao longo da vida. Isso ocorre quando há um acúmulo de glicose no sangue, causando o enrijecimento das artérias e consequentemente, um aumento na pressão arterial”, pontua Valério.
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