O desmatamento na Mata Atlântica caiu 59% nos primeiros oito meses de 2023, no país. É o que mostra o novo boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, nesta quarta-feira (29).
Em todo o Brasil, a área derrubada entre janeiro e agosto deste ano foi de 9.216 hectares. No mesmo período do ano passado foram 22.240 hectares.
Os dados consolidados do SAD Mata Atlântica são resultado de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas.
Em maio, o g1 mostrou que entre janeiro e maio a área desflorestada do bioma em todo o país era de 7.088 hectares, contra 12.166 hectares registrados no mesmo recorte de 2022, 42%. a menos.
🌎A Mata Atlântica é um dos seis biomas no território brasileiro (veja o mapa abaixo). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é uma das áreas mais ricas em espécies da fauna e da flora, e fica na região litorânea, ocupada por mais de 50% da população brasileira.
🌳De acordo com Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica, o IBGE estabelece os biomas considerando os limites geográficos, enquanto a Lei da Mata Atlântica tenta preservar toda a vegetação com característica do bioma e ecossistemas associados, incluindo os encraves.
Os dados sobre a queda de 59% do desmatamento deste bioma, no entanto, levam em conta os limites geográficos definidos pelo IBGE, que aparecem em verde claro no mapa acima.
🟢O encrave é um tipo de “pedaço” de um bioma isolado e rodeado por uma vegetação com características diferentes, segundo o SOS Mata Atlântica. Nos estados do Piauí e de Goiás, por exemplo, toda a Mata Atlântica está em encraves localizados na transição entre os biomas, e há áreas na mesma situação em Minas Gerais, na Bahia e no Mato Grosso do Sul.
🪵Se o desmatamento tem caído dentro do limite do bioma Mata Atlântica estipulado pelo IBGE, nos encraves florestais protegidos por lei dentro do Cerrado e da Caatinga a situação é outra. Entre janeiro e maio de 2023, as derrubadas nesses dois biomas aumentaram em 13% (Cerrado) e 123% (Caatinga).
“Isso está alinhado com o aumento do desmatamento no Cerrado. A Lei 11.428/2006, conhecida como Lei da Mata Atlântica, é a única legislação brasileira a tratar exclusivamente de um bioma, regulamentando sua preservação. A situação na fronteira do bioma com a Caatinga e o Cerrado é preocupante. E isso interfere nos encraves, mesmo que também sejam protegidos pela lei. Precisamos mudar esse cenário com urgência”, afirmou o diretor.
“Às vésperas da COP28 as atenções do país e do mundo estão focadas no combate ao desmatamento”, completou. A partir desta quinta (30), começa a 28ª edição da Conferência do Clima, a COP, em Dubai, nos Emirados Árabes, e contará com as participações do presidente Lula e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Queda nos 15 estados
O SAD aponta que houve queda no desmatamento em todos os 15 estados que compõem a Mata Atlântica segundo a delimitação do IBGE. No Paraná e Santa Catarina a diminuição foi de 64% (de 2.763 para 992 hectares desflorestados) e 66% (de 1.816 para 600 hectares desflorestados), respectivamente.
Goiás não teve desmatamento detectado em 2023, e é o estado que tem menos Mata Atlântica.
“Isso se deve basicamente a um retorno da fiscalização, a volta do funcionamento da política e da estrutura ambiental brasileira. Houve muitas ações de fiscalização, de aplicação de multas. E uma coisa que tem tido muito efeito é a suspensão do crédito de produtores rurais, que tem desmatamentos ilegais”, diz Guedes Pinto.