A organização japonesa Nihon Hidankyo ganhou o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira, 11, por sua luta contra as armas nucleares. O grupo é formado por sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki, lançadas pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, também conhecidos como hibakusha, e por vítimas de testes de armas nucleares no Pacífico.
As duas bombas atômicas lançadas em 1945 mataram cerca de 120.000 habitantes de Hiroshima e Nagasaki, com um número comparável morrendo de queimaduras e ferimentos por radiação no rescaldo. Ao todo, cerca de 650 mil sobreviveram aos ataques.
Fundado em 1956, o Nihon Hidankyo — abreviação de Confederação Japonesa de Organizações de Sofredores de Bombas A e H — surgiu com o objetivo de garantir os direitos sociais e econômicos dos hibakusha, muitos dos quais enfrentaram discriminação, exclusão social e negligência médica, especialmente nos primeiros anos após o fim da guerra.
Ao longo dos anos, o Nihon Hidankyo lutou para evitar que novos desastres nucleares ocorram, enviando delegações anualmente a fóruns internacionais, como as Nações Unidas, para promover o desarmamento nuclear. O movimento logo se consolidou como a maior e mais influente organização hibakusha do Japão.
“Os esforços da Nihon Hidankyo têm colaborado para manter o tabu das bombas nucleares. Atualmente, no entanto, esse tabu está ameaçado. É uma forma de lembrar o mundo da necessidade do desarmamento nuclear”, disse o anúncio do Prêmio Nobel da Paz, reiterando que a escolha foi motivada “por todos os conflitos acontecendo no mundo neste mundo”. “Isso é um lembrete de que essas armas não devem ser utilizadas nunca mais”, afirmou.
A organização se destaca por seu trabalho educacional, conduzindo campanhas de conscientização sobre as consequências humanitárias desastrosas do uso de armas nucleares por meio de testemunhos dos sobreviventes.
O movimento ajudou a estabelecer uma cultura de lembrança, permitindo que novas gerações de japoneses dessem continuidade ao trabalho.
Portal Veja