Chuva no deserto? Entenda por que Saara pode ter volumes 5 vezes acima da média nos próximos dias
Nas próximas semanas, o deserto do Saara pode enfrentar uma condição pouco comum para esse tipo de bioma: chuva volumosa.
🌧️De acordo com modelos climatológicos do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF), algumas regiões do deserto podem ter acumulados cinco vezes maiores do que a média para o início de setembro.
O fenômeno não é frequente, segundo os meteorologistas, e vai acontecer principalmente por conta do posicionamento mais ao norte da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). (entenda mais abaixo)
Os especialistas ponderam que, apesar do volume muito acima da média esperado, o acumulado ainda é muito menor do que o observado em outras regiões do mundo.
🏜️Isso porque a região é conhecida por ser uma das mais secas do planeta.
Para se ter uma ideia, na parte central do deserto, a média de precipitação anual é de 25 milímetros. Isso é menos da metade da média esperada para o mês de junho em São Paulo, considerado o mais seco do ano.
Chuvas no deserto
O volume anormal de chuva esperado para as primeiras semanas de setembro não é visto como algo comum pelos meteorologistas. Mas esse cenário já aconteceu outras vezes nas últimas décadas.
Segundo a meteorologista da Universidade de São Paulo (USP), Camilla Visibeli, não é possível classificar o fenômeno como algo extremamente raro.
Deslocamento da ZCIT e oceanos aquecidos
Os meteorologistas explicam que essa chuva anormal é consequência, principalmente, do deslocamento da posição da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
👉 A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é caracterizada pelo encontro de ventos na região do Equador. No Brasil, é dos principais sistemas meteorológicos causadores de chuva em parte das regiões Norte e Nordeste, segundo o Inmet.
Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a ZCIT está posicionada mais ao norte do que o normal neste ano.
No mapa abaixo, a linha vermelha mostra o posicionamento atual do sistema e, em preto, a posição esperada para esse período do ano:
🌊 Além do Atlântico Norte estar mais aquecido, o início do resfriamento da região do Pacífico, com a transição para o La Niña, também contribui para o deslocamento da ZCIT.
Os meteorologistas ainda alertam que não é possível relacionar diretamente esse evento de chuvas anormais no Saara com as mudanças climáticas.