O câncer de próstata é o mais comum entre os vários tipos da doença na Paraíba, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) solicitados pelo g1. Na segunda colocação de maior incidência, está o câncer de mama e, posteriormente, o de colo de útero.
De acordo com o Inca, para o triênio 2023-2025, estima-se que cerca de 1.650 novos casos de câncer de próstata possam acontecer no estado, enquanto 1.180 casos de câncer de mama podem ser diagnosticados no mesmo período e, ainda, 290 casos de câncer de colo de útero.
No entanto, na projeção para os próximos anos, é o câncer de pulmão que aparece na terceira colocação como potencial terceiro maior incidente no próximo triênio, com cerca de 520 novos casos.
Outro número que chama atenção é o de casos de câncer no estômago, levando em consideração a soma com os casos de câncer colorretal, que é um tipo da doença que acomete uma parte do intestino grosso (o cólon) e o reto. Juntos, os dois tipos podem ser diagnosticados em 810 pessoas nos próximos anos. Separados, o câncer de estômago tem uma projeção de 410 casos, enquanto o colorretal tem 400 potenciais casos.
Cânceres na tireoide, ovário, cavidade oral e Linfoma Não Hodgkin também aparecem nos maiores incidentes entre os paraibanos, também com projeções para os próximos anos, como pode ser acompanhado abaixo.
Tipos de cânceres mais incidentes na Paraíba e casos estimados para o triênio 2023-2025*
- Próstata – 1.650
- Mama – 1.180
- Colo do Útero – 290
- Pulmão – 520
- Tireoide – 430
- Estômago – 410
- Colorretal – 400
- Ovário – 150
- Cavidade Oral – 250
- Linfoma Não Hodgkin – 200
*Números relacionados a estimativas de incidência entre 2023 e 2025
Câncer colorretal
O câncer pode começar no cólon (intestino grosso) ou no reto (passagem posterior) e também é conhecido como câncer colorretal — Foto: GETTY IMAGES
Março é o mês da conscientização para prevenção do câncer colorretal, campanha conhecida como ‘março azul-marinho’. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), em 2022, a Paraíba registrou cerca de 271 óbitos em decorrência da doença. Além disso, somente neste começo de 2023, já houve 22 mortes.
Na capital João Pessoa, a estimativa da secretaria é de que 130 novos casos da doença aconteçam em 2023.
Formas de prevenção contra o câncer
O tratamento de um câncer infantil dura, em média, oito meses; já leucemias, 2 anos — Foto: GETTY IMAGES via BBC
O g1 procurou um especialista em oncologia para falar sobre as formas de prevenção contra o aparecimento de cânceres. Segundo o médico cirurgião oncológico Klécius Fernandes, professor de cirurgia na cabeça e pescoço da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), 80% das causas da doença são de fatores externos, como má alimentação e hábitos de vida, o que pode fazer com que problemas futuros sejam evitados.
“Alimentos industrializados podem aumentar a incidência de câncer de intestino em até 15% em relação às pessoas que consomem alimentos ricos em fibras, verduras e grãos. De uma forma geral, algumas dicas são importantes: cultivar bons hábitos, alimentação saudável, prática do exercício físico e de forma regular, abandonar tabagismo e etilismo, gerenciar o estresse físico e psicológico”, explica.
Tratamentos
Segundo o médico Klécius, devido ao avanço da ciência, atualmente existem várias formas de tratamento contra os cânceres, principalmente se forem identificados o quanto antes, quando a doença não se dissemina de um ponto inicial para o restante do corpo.
“Temos algumas armas como cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea. O que vai determinar o tipo de tratamento será o tipo de tumor, o estágio, e condições clínicas do doente e capacidade do hospital em oferecer esses tratamentos”, conta.
Além disso, o oncologista também destacou que conforme o tipo de câncer que é descoberto com fases mais avançadas, as chances de cura vão diminuindo e, em alguns casos, não há mais o que fazer, somente processos paliativos para diminuir a dor do paciente.
“Nós utilizamos um termo chamado paliação (na medicina). Assim, a paliação é quando não há possibilidade de cura, mas de melhoria de algum sintoma que pode ser, por exemplo, amenizar a dor”, diz.
O fator psicológico no câncer
O câncer surge de mutações genéticas que transformam células em células tumorais. — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Outro ponto importante que foi abordado pelo oncologista Klécius é o fator psicológico em quem é diagnosticado com a doença . Ele conta que é preciso de um tratamento adequado da equipe médica em relação a essa situação.
“Todo oncologista deve aprender a transmitir más notícias, pois muitas vezes o paciente não tem estrutura psicológica de receber uma notícia ruim. Assim, o médico deve atender o paciente em toda sua integralidade, na dimensão física, psicológica e também espiritual. O médico e a equipe de saúde têm a obrigação de fortalecer esses aspectos, respeitando as crenças e estimulando o paciente a enfrentar esse inimigo em comum”, conta.
O médico citou, como forma de fortalecimento desse atendimento humanizado em relação aos cânceres, o Sistema Único de Saúde (SUS) e a importância dele não somente para o tratamento, mas também para o acolhimento psicológico.
“O câncer é uma doença democrática e só conseguiremos vencê-lo com informação de agilidade, engajamento de políticas públicas e participação da sociedade civil. O fortalecimento do SUS deve ser uma política pública perene, assim como a participação de convênios com a rede suplementar para dar vazão às grandes filas de pacientes encalhados e que suplicam por uma chance de sobreviver”, ressalta.
Números nacionais
Em todo o Brasil, o Inca informou que o câncer de mama em mulheres é o mais comum no país, seguido do câncer de próstata e depois cólon e reto. Para homens e mulheres, os tipos mais comuns da doença variam. Veja a lista abaixo.
Cânceres mais comuns entre homens no Brasil
- Próstata
- Cólon e reto
- Pulmão
- Estômago
- Cavidade oral
- Esôfago
- Bexiga
- Laringe
- Linfoma não Hodgkin
- Fígado
Cânceres mais comuns entre mulheres no Brasil
- Mama
- Cólon e reto
- Colo do útero
- Pulmão
- Tireoide
- Estômago
- Corpo do útero
- Ovário
- Pâncreas
- Linfoma não Hodgkin
G1