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Bulimia dos preenchimentos: entenda síndrome de pacientes arrependidos

Os padrões estéticos mudaram ao longo da história e a popularização dos procedimentos estéticos fez com que cada vez mais pessoas buscassem bocas mais volumosas, preenchimentos faciais e intervenções na pele. Anualmente, são realizados mais de 1,5 milhão de procedimentos estéticos no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

A decisão de passar por uma intervenção estética é pessoal, mas tanto questões como a própria individualidade e expectativas irreais quanto fatores externos – como a pressão estética e a má indicação do profissional responsável pelo procedimento – podem culminar na insatisfação com o resultado, levando ao quadro conhecido como “bulimia dos preenchimentos”.

As irmãs Kardashians podem ilustrar essa tendência: os preenchimentos labiais exagerados deram espaço a lábios menos volumosos e mais próximos do natural com o passar dos anos.

A bulimia de preenchimentos é um termo novo utilizado por dermatologistas e psicólogos para descrever pacientes que fazem grande quantidade de preenchimento no rosto, se arrependem e fazem procedimentos para remover os preenchedores. Mas, depois voltam querendo novos preenchimentos e se arrependem novamente.

“É um ciclo eterno de insatisfação”, afirma a dermatologista Lilia Guadanhim, especialista em cosmiatria e doutora pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp).

O nome provavelmente te lembrou um transtorno alimentar bem conhecido: a bulimia nervosa. De acordo com a psicóloga Deyse Sobral, da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, os dois estão ligados pelo padrão de comportamentos recorrentes, permeados pela importância que os pacientes dão à estética.

“Os transtornos geralmente são associados à valorização significativa da forma do corpo, com uma autopercepção física distorcida e dificuldade em identificar e lidar com as emoções. Os especialistas acreditam que os comportamentos são análogos na perspectiva psíquica”, explica Deyse.

Bulimia dos preenchimentos

O termo é recente, criado como consequência dos exageros nos procedimentos estéticos presenciados nos consultórios. Lilia avalia que a insatisfação e arrependimento estão bastante ligados à banalização dos procedimentos estéticos, feitos de forma massiva e intempestiva. Outra crítica é a grande quantidade de produto usado sem uma boa avaliação ou personalização dos tratamentos para as características dos pacientes.

“Os procedimentos estéticos, quando bem indicados e bem realizados, trazem resultados extremamente satisfatórios e naturais. A maioria dos pacientes fica muito feliz com os resultados”, afirma a dermatologista. “É papel do médico entender se a pessoa tem ou não indicação de determinado tratamento e qual é a melhor estratégia para a queixa dela”, continua a médica.

Mas em muitos casos, o arrependimento surge depois de comparações e expectativas irreais por um ideal de beleza que pode nem existir, ou porque os procedimentos são usados como uma muleta para curar outras dores do paciente.

A psicóloga Deyse explica que, além do transtorno dismórfico corporal – que designa a diferença entre o que o indivíduo acredita ser em relação a sua autoimagem e o que ele realmente é –, a bulimia dos preenchimentos ainda pode estar associada a quadros como depressão, transtorno obsessivo compulsivo e transtornos de ansiedade.

“Na sociedade contemporânea, a busca por padrões idealizados e o dinamismo do mesmo é cada vez maior. Essa pressão imposta pela representação social, influência midiática e o modismo aliada ao estresse, ao desejo de conquistar o corpo perfeito, à mistura de certos traços de personalidade, emoções e padrões de pensamento tendem a aumentar o imediatismo, a insatisfação e a tentativa inconsciente de compensação”, afirma.

Como evitar a bulimia dos preenchimentos

A dermatologista Lilia dá algumas dicas para reduzir os riscos de insatisfação após os procedimentos estéticos:

  • Pense antes de realizar qualquer procedimento. Nunca faça por impulso ou por pressão de outras pessoas;
  • Não pesquise sobre o procedimento e sim sobre o profissional. Ele tem formação como médico? É dermatologista ou cirurgião plástico? Tem experiência?
  • Cuidado com fotos de antes e depois. Muitas vezes essas imagens podem ter sido manipuladas por aplicativos de edição de imagem ou truques de iluminação;
  • Fique atento aos procedimentos baratos. Eles podem esconder um profissional sem qualificação ou produtos irregulares;
  • Não se exponha a riscos desnecessários.

“A escolha adequada de quem vai cuidar de você é fundamental para minimizar os riscos dos procedimentos e também aumentar as suas chances de satisfação”, considera a médica.

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