Os líderes dos Brics devem avançar nas discussões sobre o uso de moedas alternativas ao dólar durante a cúpula do bloco em Joanesburgo, na África do Sul, na semana que vem.
Uma das ideias é que os países passem a usar suas próprias moedas locais para as transações comerciais intra-bloco.
Em princípio, os cinco integrantes do grupo querem diminuir a dependência da moeda americana para negociações internacionais.
Além disso, a China tem interesse específico em fortalecer a sua moeda, o yuan, dentro de sua disputa geopolítica com os Estados Unidos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que representará o Brasil no encontro entre os dias 22 e 24 de agosto, já chegou inclusive a defender a criação de uma moeda comum entre os países do bloco.
“Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que não temos o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda, depois que desapareceu o ouro como paridade?”, questionou Lula, durante uma viagem de Estado à China em abril deste ano.
Lula reconheceu, no entanto, que o processo é complicado.
“É necessário ter paciência. Mas por que um banco como o dos Brics não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China, e entre os outros países dos Brics? É difícil, porque tem gente mal acostumada, e todo mundo depende de uma única moeda”, afirmou.
Um importante diplomata brasileiro disse à CNN que é possível haver avanços e importantes anúncios sobre essa questão durante a cúpula.
Mas ele afirma que esse seria uma espécie de “pontapé inicial”, já que a completa implantação de uma unidade de referência comum para o comércio dos Brics dependeria de complicadas análises técnicas.
A Rússia também tem grande interesse em encontrar alternativas ao dólar para transações financeiras e comerciais, especialmente depois das duras sanções impostas pelo ocidente por conta da guerra da Ucrânia.
Jim O’Neill, o ex-economista chefe do banco Goldman Sachs que cunhou originalmente a sigla Bric com a junção dos nomes do Brasil, Rússia, Índia e China, no entanto, não acredita na possibilidade de criação de uma moeda comum pelo bloco.
Em recente entrevista ao jornal britânico Financial Times, O’Neill disse que a ideia era quase “ridícula”.
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