Deve haver um limite de idade para um presidente ocupar o cargo? Setenta e seis por cento dos entrevistados nos EUA na pesquisa The Economist/YouGov responderam que sim, sinalizando a crescente preocupação dos americanos com a faixa etária dos dois prováveis candidatos às eleições do próximo ano. O presidente Joe Biden, de 80 anos, busca a reeleição e o ex-presidente Donald Trump, de 77, é o pré-candidato favorito entre os republicanos para concorrer ao cargo.
Outras pesquisas expõem, na mesma proporção, o etarismo dos eleitores e indica que ambos os candidatos terão o preconceito de idade como adversário atuante na disputa. A questão sobre ser velho demais para ocupar uma função pública ganha destaque sempre que ocorre um episódio embaraçoso envolvendo um político.
Biden tropeçou num saco de areia e foi ao chão durante uma formatura militar e trocou Ucrânia por Iraque numa declaração. Recentemente, o senador republicano Mitch McConnell, de 81 anos, travou em duas ocasiões diante dos repórteres, sem conseguir responder ao que lhe perguntavam. A senadora democrata Dianne Feinstein, de 90, começou a ler um discurso no momento de uma votação, em que precisava apenas responder sim ou não.
O atual Congresso é o que tem a faixa etária mais avançada. Se o limite de idade fosse de 70 anos, como defende a maioria dos entrevistados ouvidos em sucessivas enquetes sobre o assunto, 71% dos integrantes do Senado, por exemplo, simplesmente não poderiam ocupar o cargo.
Biden foi eleito como o presidente mais idoso em exercício dos EUA. Se ganhar o segundo mandato, terá 86 anos ao deixar a Presidência. Sabe que é alvo de preconceito e revida com a cartada da experiência. “Adquiri muita sabedoria e sei mais do que a maioria das pessoas. E sou mais experiente do que qualquer pessoa que já concorreu ao posto, me sinto honrado e eficaz”, argumentou ele, numa entrevista à MSNBC.
O atual presidente costuma ser alvo de discriminação de seu maior adversário: apenas três anos mais novo, Trump frequentemente o ridiculariza pela idade avançada, pelo declínio cognitivo ou por qualquer gafe que ele cometa.