Quem nunca ouviu que o carboidrato é o vilão das dietas e o responsável pelo aumento de peso? É verdade que diminuir a ingestão de carboidrato pode ajudar a perder peso e pode trazer alguns benefícios para a saúde, mas eliminá-lo por completo não faz sentido e pode causar um efeito rebote no corpo, já que é praticamente insustentável.
Os carboidratos são a principal fonte de energia do corpo. Eles fornecem glicose, essencial para o funcionamento do cérebro, músculos e sistema nervoso. Logo, uma dieta com pouco carboidrato pode te deixar com pouca energia e pode fazer com que você se sinta mais cansado quando estiver fazendo exercício.
Também é verdade que a baixa ingestão de carbo pode impactar na balança. Mas a médio e longo prazo, a estratégia não é indicada. Gisele Haiek, nutricionista funcional, explica que, num primeiro momento, o corpo entra em um estado chamado cetose, um estado em que se usa gordura como energia em vez de glicose. Isso pode parecer bom, mas pode causar sintomas como tontura, cansaço e irritabilidade.
“Por um curto período, a redução drástica de carboidratos pode auxiliar na perda de peso. Mas no médio e longo prazo isso não se sustenta porque precisamos das substâncias bioativas, os compostos bioativos, as fibras, que estão presentes nos carboidratos“.
Uma restrição muito severa de carboidratos pode provocar:
- Problemas intestinais: a restrição de frutas, vegetais e grãos integrais leva a uma falta de fibras. Fibras ajudam na digestão e na saúde intestinal. Também pode ocorrer um desajuste na microbiota intestinal.
- Baixa energia: o carboidrato é a maior fonte de energia do corpo humano. A falta dele pode levar à fadiga.
- Nutrientes insuficientes: a dieta muito restritiva pode não fornecer vitaminas e minerais, como potássio, vitaminas B e C.
- Efeito rebote: uma dieta sem carbo é praticamente insustentável. Logo, a restrição pode levar ao efeito sanfona, com recuperação rápida do peso perdido.
“Também pode ocorrer o desejo intenso por carboidratos e episódios de descontrole alimentar – fome exagerada, dores de cabeça ou tontura, sinais de hipoglicemia – como até mesmo tremedeira, suores e desmaio, alterações de humor e dificuldade de concentração”, completa a nutricionista.
A RDA (Recommended Dietary Allowance) sugere, em termos gerais, um mínimo de 130 g/dia de carboidratos para atender às necessidades básicas do cérebro e do sistema nervoso central. Esse número, no entanto, pode ser diferente em quadros de saúde especiais, por isso o aconselhamento nutricional individualizado é muito importante.