Essa semana será marcada por uma nova onda de calor que deve elevar as temperaturas em boa parte do Centro-Sul do país. Há previsão de mais de 40ºC em parte do Centro-Oeste.
Mas depois do calorão, que deve ser intenso (veja mais abaixo), uma forte frente fria deve avançar perto do final do mês, no dia 19.
De acordo com a Climatempo, o ar frio deve movimentar um pouco a atmosfera, reduzindo as temperaturas em alguns estados
Mas até lá, o calor ainda vai ser predominante. A partir deste primeira semana de setembro, uma nova massa de ar quente e seco vai se estabelecer no Brasil, dando início a uma onda de calor já nesta segunda-feira (2).
🥵 Ainda segundo o serviço de meteorologia, os atuais modelos meteorológicos sugerem que essa onda de calor pode ser mais prolongada, com temperaturas elevadas até meados da segunda quinzena do próximo mês em algumas regiões do país.
“Quanto às temperaturas, o Centro-Oeste, especialmente o Mato Grosso, deve registrar mais de 40°C. Estados como Rondônia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo também devem se aproximar dos 40°C”, diz ao g1 Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo.
Por causa do fenômeno, a Climatempo diz que a umidade do ar ainda pode atingir valores de emergência – abaixo dos 12% – em muitas cidades do sul de Mato Grosso, interior de São Paulo, Triângulo de Minas, centro-norte, nordeste de Mato Grosso do Sul e sul de Goiás.
Com o tempo seco e a atmosfera estagnada, a concentração de poluentes também tende a aumentar, o que deve prejudicar significativamente a qualidade do ar nos próximos dias.
O que é uma onda de calor?
🔥 A onda de calor é um fenômeno meteorológico que acontece quando uma determinada região registra temperaturas muito acima da média por uma sequência de dias.
- No geral, os meteorologistas estabelecem que, para o fenômeno se configurar, as temperaturas precisam ficar ao menos 5ºC acima da média por um período de cinco dias ou mais.
-
- Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) define uma onda de calor quando há um aumento de 5ºC na temperatura em relação à média mensal, independentemente da quantidade de dias de duração.
A Climatempo explica ondas de calor são comuns nesta época do ano, especialmente em setembro. Isso ocorre porque, durante esse período, o país está na transição do inverno para a primavera, quando a insolação aumenta, e a radiação solar se intensifica.
Esse processo aquece mais o solo e o ar, resultando em temperaturas mais altas. Além disso, as condições secas típicas do final do inverno também contribuem para esse aquecimento.
Apesar disso, nos últimos anos, essas ondas de calor têm se tornado mais intensas, antecipadas e prolongadas.
Com isso, a expectativa é de que a chuva só chegue a partir da segunda quinzena de setembro até o início de outubro.
Previsão para setembro
Após um fim de agosto marcado pelo retorno do calor, a previsão indica que o mês de setembro deve ter chuvas abaixo da média em boa parte do país e temperaturas elevadas.
Veja a expectativa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o mês:
- Chuvas
-
As chuvas devem ficar acima da média apenas na faixa norte da região Norte, sul do Mato Grosso do Sul e de São Paulo e na região sul.
Já nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, sul da região Norte, interior do Nordeste e oeste do Paraná, estão previstas chuvas muito próximas ou abaixo da média para o período.
“A redução das chuvas em grande parte do país nesta época do ano é devido à persistência de massas de ar seco que ocasiona a diminuição da umidade relativa do ar”, analisa o Inmet.O cenário também tende a favorecer o aumento do número de queimadas, que já está elevado em todo o país.
- Temperaturas
Para as temperaturas, a tendência é de um mês com marcas acima da média em todo o país, com possibilidade de novas ondas de calor – como a prevista para a primeira semana.
Em áreas do Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão e Piauí, as temperaturas médias podem ultrapassar os 30ºC.
🌨️Não está descartada a ocorrência de geadas em alguns locais dessas regiões devido à entrada de massas de ar frio que provocam a queda acentuada dos termômetros.
Como se forma uma onda de calor?
As ondas de calor precisam de dois principais fatores climáticos para se formarem: massas de ar quente e seco e bloqueios atmosféricos.
👉 Contextualização: os bloqueios atmosféricos são um tipo de circulação de ventos no alto da atmosfera. Eles atuam como uma barreira que impede que as massas de ar avancem.
A circulação dos ventos dessa área de alta pressão é anti-horário, o que favorece que as massas de ar quente e seco ganhem força e impede o deslocamento das frentes frias para o continente
Assim, quando há um bloqueio atmosférico, as frente frias se formam, tentam avançar, mas encontram essa barreira, o que as leva diretamente para o oceano.
Sem a entrada de umidade vinda com essas frentes frias, a massa de ar quente vai ganhando cada vez mais força no continente, caracterizando a onda de calor.
Quando a onda de calor é mais comum?
As ondas de calor são comuns todos os anos na transição entre a primavera e o verão.
O meteorologista Giovanni Dolif, do Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden), explica que, nessa época, a Terra já está mais exposta ao Sol com a proximidade do verão.
E as temperaturas altas ocorrem porque é uma temporada sem chuva e, com isso, menos nuvens para impedir a passagem de tanto calor.
Ondas de calor estão mais frequentes
Além de ondas de calor mais intensas, o país tem registrado esse fenômeno com mais frequência. Em 2024, o Brasil já teve três ondas de calor.
O meteorologista do Climatempo Fábio Luengo explica que o aumento da temperatura global faz com que haja mais sequências de dias com os termômetros acima da média – condição da onda de calor – um resultado direto das mudanças climáticas.
“O aquecimento global mexe com tudo e bagunça qualquer tipo de evento. Estamos tendo eventos mais extremos e mais frequentes”, explica Luengo.Os dados mostram que, década após década, aumentou o total de dias do ano sob efeito de ondas de calor. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até os anos 1990, eram sete dias em média. Os dados mais recentes indicam mais de 50 dias de calor atípico em média por ano.
- De 1961 a 1990: 7 dias
- 1991 e 2000: 20 dias
- De 2001 a 2010: 40 dias
-
- 2011 e 2020: 52 dias
Os números mostram também que houve aumento das ondas de calor ao longo dos períodos analisados, em praticamente todo o Brasil, com exceção da região Sul, uma parte do sul do estado de São Paulo e o sul do Mato Grosso do Sul. - G1