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Kamala fala sobre unir os EUA e ataca Trump em último dia de convenção

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, pregou união do país em seu discurso entre a noite desta quinta-feira (22/8) e a madrugada de sexta-feira (23/8), horário de Brasília. A fala marcou o encerramento da Convenção Democrata, evento iniciado na segunda-feira (19/8).

Kamala iniciou contando a história dela, da época “pobre”, fazendo um paralelo à classe média e lembrando a mãe. “(Ela) ensinou a Maya (irmã) e a mim uma lição que Michelle (Obama) mencionou outra noite: ela nos ensinou a nunca reclamar da injustiça, mas fazer algo a respeito”, disse.

Em outro aceno à classe média, ela fez questão de frisar que vai atuar para garantir acesso a serviços de saúde para os americanos, que isto “não será fácil”, mas que “nós nunca vamos desistir”. Kamala disse ainda que vai reconstruir o sistema de imigração.

A vice-presidente usou vários momentos para falar sobre unir o país, e que será a presidente de “todos os americanos”. Kamala fez questão de, em alguns momentos, sem citar Trump nominalmente, dizer que ele alimenta o ódio e a violência.

Trump foi descrito em vários momentos como uma pessoa que não é de confiança. Ela lembrou o questionamento do republicano à apuração dos votos na última eleição e também que ele teria tentado “violar” a escolha dos americanos. Esta afirmação faz relação com um pedido de Trump para o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, alterar o resultado da eleição.

“Você sempre pode confiar em mim para colocar o país acima do partido e de si mesmo, para manter sagrados os princípios fundamentais da América”, contrapôs Kamala, que disse em vários momentos que vai atuar para garantir liberdades.

“Candidata do fututo”

Mais uma vez Kamala tentou firmar-se como a candidata do “futuro” e que Trump representaria o passado. “America, nós não vamos para trás”, disse ela. Logo em seguida, a multidão repetiu: “Nós não vamos para trás”.

O “egoísmo” do adversário foi pontuado em vários momentos. Ela disse que Trump teria usado o poder como presidente para melhorar a própria vida e que ele só servia a si mesmo.

Sobre um dos pontos centrais da campanha, os direitos das mulheres, ela pontuou que o republicano tenta ter o controle da Suprema Corte para interferir no tema. “Donald Trump escolheu a dedo membros da Suprema Corte dos Estados Unidos para tirar a liberdade reprodutiva, e agora ele se gaba disso”, disse ela.

A respeito de política internacional, Kamala falou sobre uma coalizão internacional para frear o presidente russo Vladimir Putin, e citou que “Trump o encorajou a invadir nossos aliados”, fazendo referência à Ucrânia. A vice-presidente dos EUA também disse que vai fortalecer as forças de segurança do país.

Em relação a Israel, afirmou que vai atuar para que o país “nunca mais enfrente o horror promovido por uma organização terrorista chamada Hamas”. Mas também disse que o que aconteceu em Gaza é “devastador”.

A convenção

De segunda a quarta-feira (21/8), a convenção deu voz aos principais nomes dos democratas no evento realizado em Chicago – entre os quais, Joe Biden, Barack Obama, Bill Clinton, Hillary Clinton e Michelle Obama.

Na segunda, Biden subiu ao palco e discursou por quase uma hora. Em tom de despedida, ele fez um balanço da gestão, mas sempre defendendo o legado construído “com Kamala”. Ele não poupou ataques ao ex-presidente Trump e foi muito aplaudido pelos apoiadores.

Biden foi antecedido por Hillary. A ex-secretária de Estado enalteceu, durante seu discurso, as propostas sobre direitos das mulheres defendidas por Kamala, a quem disse que não descansaria até atingir este objetivo.

O ex-presidente Barack Obama encerrou as atividades na terça-feira (20/8). Ele parafraseou o tema da campanha que o levou à Casa Branca na campanha de 2008, com o popular “Sim, nós podemos”. À plateia, neste ano, Obama dizia: “Sim, ela pode“.

Falas do vice, Walz

Na quarta, o candidato a vice na chapa de Kamala, Tim Walz, usou o espaço aberto para reforçar as críticas a Trump. Walz ganhou protagonismo após taxar o republicano de “esquisito”, expressão que incomodou o democrata.

“Há pessoas que querem que você veja o nosso país como uma nação de nós contra eles. Pessoas que querem que você acredita que livros são perigosos e fuzis semiautomáticos são seguros”, disparou Walz, em referência a Trump, mas sem citá-lo nominalmente.

Kamala tornou-se pré-candidata à Casa Branca após Biden desistir da campanha. Ele estava pressionado por críticas sobre a própria capacidade cognitiva. O tema ganhou expressão depois de o democrata ir mal em um debate contra Trump.

A oficialização do nome de Kamala para representar os democratas veio após ser aclamada por unanimidade entre os 3.936 delegados. Ela parece como uma concorrente mais competitiva do que se projetava Biden.

Além de dar novo ânimo ao partido, a democrata aparece como líder de pesquisas em estados decisivos, os chamados estados-pêndulos (swing states, em inglês) ainda que por margens apertadas, em maioria.

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