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Número de mortes por meningite aumenta, e especialistas alertam para importância da vacinação

O número de mortes por meningite cresceu em 2023 e atingiu patamar maior que 2019, ano pré-pandemia de Covid-19. De acordo com os dados levantados pelo R7 junto ao Ministério da Saúde, foram 1.611 óbitos, contra 1.465 em 2019. A incidência de casos também voltou ao patamar antes da pandemia do Sars-CoV-2, com 16,4 mil registros. Especialistas ouvidos pela reportagem alertam que crescimento é resultado principalmente da queda das coberturas vacinais.

No caso da vacina Meningocócica C, por exemplo, aplicada em crianças menores de cinco anos, a vacinação da primeira dose caiu quase 14% entre 2019 e 2023. Segundo dados levantados pela Lei de Acesso à Informação, a cobertura estava em 87,41%, mas despencou na pandemia, e fechou 2023 com 73,99% nos números preliminares (veja dados abaixo).

O coordenador de infectologia do Hospital Santa Lúcia Sul, Werciley Júnior, destaca que a meningite é uma doença que pode ser prevenida.

Questionado sobre o tema, o Ministério da Saúde disse que a pandemia de Covid-19 influenciou para o menor registro de casos entre 2020 e 2022. “Por seguir o padrão de transmissão por via respiratória, as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras colaboraram com a redução do número de casos”, explica.

A pasta reforça que desde o ano passado promove o “Movimento Nacional pela Vacinação a fim de combater essa e outras doenças de forma mais eficaz”. E cita o crescimento de outras vacinas que também previnem contra a Meningite.

Das 16 principais vacinas do calendário infantil, 13 registraram alta de vacinação no ano passado em comparação a 2022. Entre elas, as que protegem contra a meningite, como meningococo C, que passou de 78,6% de cobertura vacinal, em 2022, para 82,5%, em 2023; a pentavalente, de 77,2% para 83,7%; e a pneumocócica, de 81,5% para 86,9%

(MINISTÉRIO DA SAÚDE)

Entenda

O infectologista Manoel Palácios explica que a meningite é uma inflamação das meninges que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

Ela pode ser causada tanto por vírus, bactérias, fungos ou parasitas, sendo a meningite bacteriana a mais grave e potencialmente fatal. A transmissão ocorre por gotículas respiratórias e contato direto com secreções respiratórias de uma pessoa infectada

O médico do hospital Anchieta reforça que a vacinação é a medida mais eficaz para prevenir certos tipos de meningite. “Essas vacinas são essenciais e estão à disposição da população. Outros cuidados são cobrir a boca ao tossir ou espirrar e evitar compartilhar objetos pessoais quando a pessoa está resfriada, o famoso cumprimento da chamada etiqueta respiratória”, disse.

Veja sinais de alerta para a meningite:

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Rigidez na nuca;
  • Mal-estar;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Sensibilidade à luz;
  • Confusão mental;
  • Fadiga;
  • Mãos e pés frios; e
  • Dores severas e dores nos músculos.

Sintomas graves de meningite:

  • Convulsões;
  • Delírios; e
  • Tremores.

Sintomas de meningite em recém-nascidos e bebês:

  • Irritação;
  • Vômito;
  • Falta de apetite;
  • Aparência letárgica;
  • Falta de resposta a estímulos;
  • Reflexos anormais; e
  • Moleira protuberante.
  • Aumento de mortes

Palácios observa que o crescimento no registro de mortes pode ser consequência de diagnósticos tardios. “Com a pandemia, muitos serviços de saúde foram sobrecarregados e houve uma redução na busca por atendimento médico. Isso pode ter trazido diagnósticos tardios e consequentemente o aumento da letalidade da doença”, observa.

Palácios acrescenta que surtos de variantes e predominância de novas cepas mais violentas também pode ter contribuído para o aumento das mortes por meningite. “Por isso, também é importante garantir o acesso ao tratamento e melhorar a infraestrutura de saúde para responder prontamente aos casos da doença”, afirmou.

O infectologista acrescenta que a conscientização é o caminho.

A vacinação é a ferramente mais poderosa na prevenção da meningite e é fundamental aumentar a cobertura vacinal para reduzir a incidência da gravidade da doença. Para isso, precisamos de conscientização e acessibilidade, com combate às fake news sobre vacinas para promover a confiança e adesão ao calendário vacinal e finalmente ter parcerias com empresas, escolas e organizações comunitárias para aumentar o alcance da vacinação

(MANOEL PALÁCIOS, INFECTOLOGISTA)

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