Comerciantes triplicam venda das comidas de milho, aumentam faturamento e geram emprego
Nos meses de maio e junho a comida de milho se torna protagonista nas mesas dos paraibanos.Pamonha, canjica, mungunzá, bolo e muitas outras delícias são produzidas e movimentam a economia local, desde o plantio até a venda de produtos à base do milho verde.
Em Lagoa Seca, Maria do Socorro Silva, conhecida como Dona Branca, há mais de 20 anos faz pamonha e canjica o ano inteiro. Quase todos os dias ela compra entre três e cinco mãos de milho, com cada mão equivalente a 50 espigas, resultando em 250 espigas no total. Com essa quantidade são produzidas, em média, 350 pamonhas e 300 canjicas por semana.
Mas nos meses de maio e junho essa produção chega a triplicar dependendo dos dias. Das 650 unidades de pamonha e canjica, nesses dois meses a produção semanal passa de 1200 a 1700 unidades dos dois produtos.
Os dias mais movimentados são entre 19 e 23 de junho, que antecedem o dia de São João, santo mais comemorado do mês. A quantidade produzida chega a mais de 2 mil unidades por dia. A pamonha e canjica são vendidas a R$ 6 cada e nos dias mais intensos de vendas o faturamento pode chegar a mais de R$12 mil.
Toda essa produção é para dar conta de abastecer a loja, a barraca montada no Sítio São João e as padarias, todos os estabelecimentos localizados em Campina Grande, além das entregas via delivery, encomendas e confraternização de empresas.
“Nos dias próximos ao São João não conseguimos saber a quantidade exata da produção que temos, pois viramos a noite para dar conta de tantos pedidos. É ralando, produzindo, cozinhando e já vende. As pessoas querem levar a pamonha crua para cozinhar em casa. São três dias sem dormir praticamente”, comenta Dona Branca.
Para conseguir fazer tantas comidas e garantir o abastecimento dos clientes semanais durante todo o ano, Dona Branca conta com três fornecedores de milho da Ceasa e da Feira Central de Campina Grande. Ela compra a R$45 e nos dias mais movimentados chega a comprar até 500 espigas por dia que equivale a R$450.
Além do milho, ela usa manteiga de garrafa, leite de vaca e leite de coco tudo comprado dos produtores rurais e comerciantes, o que faz girar a economia local.
Dona Branca tem sua receita própria passada pela mãe. Ela tem ajuda do marido, que rala o milho em uma máquina, e nos meses de maio e junho ela contrata entre três e cinco pessoas para ajudar na produção. No entanto, todo o preparo da massa até a amarração da pamonha, é ela quem faz e ressalta que seu produto é todo natural.
“A minha pamonha leva coco natural mesmo, manteiga da terra, leite de vaca e até as amarrações são naturais, feitas da própria palha do milho”, explica.
Essa produção artesanal das comidas de milho faz com que não haja uma produção maior, já que apenas Dona Branca tempera a massa.
“Se forem 10 pamonhas foi mamãe que fez, se for 2000 foi ela quem fez, acaba sendo o ponto positivo por ser um tempero único e negativo por ter esse limitador na produção. Ela tem toda a prática de amarrar, você olhando acha até fácil, mas é bem complicado eu tento fazer, mas nunca consigo”, explica a filha de Dona Branca, Renata Kelly.
Mas quem ver o sucesso de Dona Branca hoje nem imagina que no início de tudo, depois de fazer toda produção, saia pelas ruas de Lagoa Seca oferecendo as pamonhas de porta em porta e a maioria das vezes não tinha sucesso nas vendas, até que ela começou incentivar as pessoas a provar, ali mesmo na rua, quando começaram as vendas.
Até hoje, Dona Branca marca presença todas as quartas-feiras na Feira Central de Campina Grande. Às vezes consegue dar uma passadinha também na loja no bairro Centenário e na barraca no Sítio São João, no bairro Dinamérica, durante todo o mês de junho.
Empresa de João Pessoa triplica venda de comidas de milho
A movimentação de pessoas e a quantidade de produtos nas prateleiras chama a atenção de todos que passam pelas lojas da Casa do Sertão. São três unidades em funcionamento só na cidade de João Pessoa, localizadas nos bairros Estados, Bancários e Altiplano.
Em entrevista ao Pauta Real, o proprietário da empresa, Irenaldo Xavier Marques falou da grandiosidade da produção de pamonhas e canjica da Casa. Só esses dois produtos correspondem a 27% do faturamento das lojas. Os números impressionam e quem acha que é suficiente para atender todos os clientes, a resposta é não, tanto que Irenaldo está avaliando reformar o local onde são produzidas as comidas para assim aumentar a produção e também abrir mais uma loja.
De acordo com o empresário, só no mês abril foram produzidas, por semana, em média 1.300 canjicas e 1.700 pamonhas e para essa quantidade foram necessárias 100 mãos de milho, o que equivale a 5 mil espigas. No mês de maio a produção chega a triplicar com 3.400 canjicas e 4.600 pamonhas, sendo necessário 25 mil espigas de milho.
O esperado para este mês de junho é que a produção supere a do ano passado que foi de 12.000 canjicas e 11.200 pamonhas.
“Esse ano esperamos que o faturamento com pamonhas e canjicas superem o do ano passado em pelo menos 15%. Pois esse acréscimo de vendas já foi verificado no mês de abril”, ressaltou Irenaldo.
Nas lojas a pamonha e a canjica são vendidas a R$7,50 e no mês de junho deste ano, o faturamento apenas desses dois produtos pode chegar a quase R$200 mil.
Para dar conta de todo o trabalho, Irenaldo conta com 27 pessoas na produção das comidas e mais 17 colaboradores nos setores de atendimento, caixa, entrega e apoio. As encomendas podem ser feitas até o dia 13 de junho de forma presencial.
E mesmo com uma produção grandiosa o proprietário faz questão de manter a qualidade dos produtos e afirma ser o diferencial da sua empresa.
“Sempre temos produtos novos, feitos no dia para vender. Esse talvez seja o nosso diferencial, embora os clientes nos critiquem pela falta do produto, pois mesmo com uma produção intensa ainda não damos conta da procura”, frisou.
Fornecedores de milho lucram com aumento na demanda
Para garantir a produção de tantas delícias de milho para vender na sua loja, Irenaldo Marques conta com os fornecedores de milhos, que percorrem o estado para garantir que não falte a principal matéria prima dos produtos.
Um desses fornecedores é o Leandro de Moura Pereira que vende milho no Mercado Central de João Pessoa. Além de vender para o público geral, Leandro fornece há alguns anos diretamente para a Casa de Sertão e outros compradores.
A maior parte das vendas são feitas por encomenda o que garante uma renda semanal. Para dar conta, Leandro compra os milhos de várias localidades na Paraíba, atualmente as espigas de milho estão sendo adquiridas de agricultores da cidade de Boqueirão. A cada semana são compradas mais de 15 mil espigas do tipo 1052, ideal para produção de comidas. Esta variedade também é reconhecida por sua adaptabilidade, alto rendimento que garante uma colheita robusta e lucrativa.}
De acordo com Leandro, nos meses de maio e junho essa quantidade de milho comprados chega a triplicar e em média chegam 45 mil espigas por semana, que são vendidas por R$50 cada mão obtendo um faturamento de mais de R$75 mil.
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