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Soroterapia vira hit nas redes com promessas milagrosas, mas médicos alertam para falta de evidências e riscos graves à saúde

Você já ouviu falar em soroterapia? A suplementação, administrada na veia, está viralizando nas redes sociais. Nada mais é do que a aplicação de um soro teoricamente enriquecido com nutrientes e vitaminas, também conhecido como “soro da beleza”.

As promessas, em grande parte feitas por blogueiras e influenciadoras, são muitas: emagrecimento, ganho de massa muscular, embelezamento dos cabelos, unhas, aumento de imunidade, tratamento de depressão, ansiedade, melhora da memória e até a cura da ressaca. “Frente a tratamentos que prometem ser milagrosos, desconfie”, alerta o endocrinologista Paulo Augusto Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

💉 Nos supostos “soros da beleza” podem estar presentes zinco, complexo B, magnésio, ferro, vitamina C, resveratrol, selênio, aminoácidos, Coenzima Q 10, entre outras substâncias e combinações. Tudo depende do intuito da pessoa e de como o soro é vendido. Mas especialistas alertam: não há nenhuma comprovação científica de que o soro faça efeito para quem não tem deficiência de vitaminas.

Paulo Augusto Carvalho Miranda explica ainda que há muito tempo existem tratamentos endovenosos para múltiplas situações, em especial para pacientes internados em hospitais, pacientes com distúrbios graves de absorção, ou pacientes que não podem receber tratamento por via oral. De acordo com o médico, se não for em uma dessas situações, a soroterapia não tem nenhum benefício comprovado.

“Não faz sentido nenhum esse tipo de proposta. E os benefícios não são acompanhados de nenhuma base científica”, diz o endocrinologista. 

📲Febre entre famosos e seus riscos

 

A modelo Hailey Bieber, o 'cardápio' de soros e a influenciadora Franciny Ehlke — Foto: Reprodução

A modelo Hailey Bieber, o ‘cardápio’ de soros e a influenciadora Franciny Ehlke — Foto: Reprodução

Não é de hoje que celebridades e influenciadores falam da soroterapia, mas esse ‘boom’ recente está provocando polêmica e preocupando especialistas. Paulo explica: “São múltiplos os riscos, que vão desde a própria punção venosa feita desnecessariamente, até processos infecciosos, alérgicos e intoxicação”, explica.

Hoje, clínicas no Brasil e no mundo inteiro oferecem o serviço, com ou sem prescrição médica. Em clínicas procuradas pela reportagem, os preços do tratamento começam em torno de R$ 200 e vão até R$ 1.000 a sessão. “É uma situação descabida. Não dá nem para imaginar”, diz Paulo.

O médico reforça que não há nenhuma evidência científica que mostre a utilidade da soroterapia em adultos saudáveis.

“A gente não pode pensar nisso como um tratamento de saúde. É um ambiente único e exclusivo de comércio e de produtos para os quais as pessoas são convencidas de que terão algum benefício. Mas a ciência não demonstra nada disso”, reforça o especialista.

Morte após coquetel de vitaminas

 

Elaine Ellen Ferreira Vasconcelos, de 32 anos, estava no 8° mês de gestação — Foto: Arquivo pessoal

Elaine Ellen Ferreira Vasconcelos, de 32 anos, estava no 8° mês de gestação — Foto: Arquivo pessoal

Em abril de 2023, uma mulher grávida de 8 meses morreu após receber um coquetel de vitaminas para aumentar a imunidade em uma farmácia em Cuiabá. Segundo a família, Elaine Ellen Ferreira Vasconcelos, de 32 anos, estava com sintomas iniciais de gripe e procurou a farmácia por conta própria, sem indicação médica.

A suspeita é de choque anafilático pelo uso de medicações endovenosas. O bebê também morreu.

💉Indicação médica

 

É fundamental ter uma indicação antes de pensar em usar qualquer tipo de suplementação. “A partir do momento em que uma pessoa tenha sintomas para os quais ela não encontre uma explicação, o primeiro passo é procurar atenção médica. E, principalmente, um atendimento que não tenha um viés comercial”, diz Paulo.

Para a maioria das pessoas, uma alimentação saudável e balanceada é suficiente para prover todas as vitaminas necessária. “Expor a saúde a riscos desnecessários não vale a pena. E muitas vezes o preço é muito alto”, alerta o médico.

 G1

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