Após vitória de partido contrário à unificação com a China, Biden diz que não apoiará independência de Taiwan
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse neste sábado (13) que os EUA não apoiam a independência de Taiwan, depois que os taiwaneses reelegeram o partido governista, contrário à unificação com a China.
“Não apoiamos a independência”, disse Biden, quando perguntado sobre a reação às eleições deste sábado, segundo a Reuters, agência internacional de notícias.
Já o governo chinês afirmou que a vitória do candidato do Partido Democrático Progressista de Taiwan, Lai Ching-te, na eleição presidencial da ilha não mudará o cenário básico das relações entre a China e Taiwan.
Para a China, Taiwan é uma província rebelde que segue fazendo parte de seu território. Já para o governo de Taiwan, a ilha é um estado independente, gerido por uma Constituição própria, e por décadas foi considerada o próprio governo chinês, no exílio.
Ainda de acordo com a Reuters, o Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado disse que os resultados eleitorais mostraram que o Partido Democrático Progressista não representa a opinião pública dominante na ilha.
O candidato do principal partido da oposição, o Kuomintang (KMT), Hou Yu-ih, admitiu a derrota eleitoral. O KMT não é um partido aliado da China, mas era o favorito do governo chinês porque considera que Taiwan e a China são um único país.
Eleição em Taiwan: vitória do partido governista
Lai Ching-te, presidente eleito de Taiwan — Foto: Ann Wang/Reuters
Lai Ching-te, atual vice-presidente, saiu vitorioso de um pleito que foi definido pela China como uma escolha entre a guerra e a paz.
Em seu primeiro pronunciamento após a vitória, Lai disse estar determinado a “proteger Taiwan das ameaças e intimidação da China” e afirmou que “o povo de Taiwan resistiu com sucesso aos esforços de forças externas que queriam influenciar as eleições”.
Lai disse ainda que usará o diálogo no lugar do confronto e que está disposto a conversar com a China “com base na dignidade e na paridade”.
No período que antecedeu as eleições, a China denunciou repetidamente Lai como um separatista perigoso e rejeitou os seus apelos por diálogo, conforme informações da Reuters.
Relação entre EUA e Taiwan
Horas antes da abertura das urnas, Washington advertiu que “seria inaceitável” que “qualquer” país interferisse nas eleições.
Os Estados Unidos são o mais importante apoiador internacional e fornecedor de armas de Taiwan, apesar da falta de laços diplomáticos formais com a ilha.
O governo Biden temia que a eleição, a transição e o novo governo aumentassem o conflito com Pequim, segundo a Reuters.
Biden tem trabalhado para suavizar as relações com a China. Em novembro, o americano se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, na Califórnia, para conversar sobre as diferenças em questões de segurança. Na ocasião, Biden disse que os dois líderes “devem garantir que a competição [entre os dois países] nunca se torne um conflito”.
Ainda de acordo com a Reuters, funcionários do governo de Taiwan disseram que acreditam que a China tentará pressionar seu novo presidente após a votação, por meio, inclusive, de realização de manobras militares perto do território.
Em uma demonstração de apoio ao governo taiwanês, Biden planeja enviar uma delegação não oficial para a ilha autônoma, segundo um funcionário graduado do governo norte-americano.
Em 2016, a conversa por telefone entre o então presidente eleito dos EUA Donald Trump e o então presidente de Taiwan desagradou a China. Foi a primeira conversa desse tipo entre os líderes dos EUA e de Taiwan desde que o presidente Jimmy Carter mudou o reconhecimento diplomático de Taiwan para a China em 1979.