Na presidência do G20 — grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e a União Africana —, o Brasil planeja 127 reuniões de trabalho e cúpulas em 2024. O mandato brasileiro à frente do G20 começou em 1º de dezembro e continua até 30 de novembro do próximo ano. O lema da gestão é “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, com foco no combate à fome, pobreza e desigualdade; reforma da governança global; e dimensões do desenvolvimento sustentável — econômica, social e ambiental.
O ponto alto da presidência brasileira será a 19ª Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, em novembro de 2024. A direção do grupo foi passada ao Brasil pela Índia em setembro. A entidade internacional reúne cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo e responde por 75% do comércio internacional, além de ter dois terços da população e 60% do território do planeta. É a primeira presidência brasileira no G20, criado em 1999.
O Brasil será responsável por organizar os encontros entre os países-membros. Os temas são divididos em duas faixas, com atuação paralela — a trilha de sherpas, que reúne os assuntos que não são essencialmente financeiros, e a trilha de finanças.
O primeiro bloco, com 15 grupos, será comandado pelo secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Maurício Lyrio. Essa parte da liderança coordenará a maioria dos trabalhos e discute a agenda da cúpula do G20.
A trilha de finanças, com oito subáreas, vai tratar de assuntos macroeconômicos, com ministros da economia e presidentes dos Bancos Centrais dos países-membros. A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, estará à frente dessa faixa.
Professora de direito internacional da Universidade de São Paulo (USP), Maristela Basso avalia haver grande expectativa sobre o mandato do Brasil, tanto interna quanto externamente, e, por ser a primeira presidência, o país quer deixar um legado.
“Para tanto, criou uma comissão nacional de coordenação da presidência, em uma clara tentativa de dar total transparência aos seus trabalhos, além de procurar aproximar e introduzir a sociedade civil nos trabalhos do grupo de países. Na agenda do Brasil, estão as questões relativas à crise climática, energias renováveis e, especialmente, aquelas relacionadas à pobreza, fome, desemprego e justiça global”, afirma.
Para a cientista política Denilde Holzhacker, a presidência do G20 mira os holofotes no Brasil em termos de agenda política e econômica, e diversas questões serão centralizadas no país, aumentando a capacidade brasileira de influência, principalmente entre as economias participantes.
“Mas, hoje, o G20 é um fórum muito mais de construção de agenda e de discussão do que, de fato, de capacidade de mudança em termos de atuação internacional. O governo brasileiro vai levar a agenda ambiental como uma agenda importante e ampliar a agenda da sociedade civil, o que tem um efeito importante para a captação de investimentos”, diz.
“É possível que não se tenha grandes atuações a partir do G20, pelo menos não tem tido nos últimos anos. Mas não significa que isso não seja relevante para essa posição do governo brasileiro em ser cada vez mais participativo e atuante nas pautas internacionais”, conclui a especialista.
Serão 15 cidades-sedes brasileiras, divididas entre as cinco regiões — Maceió, Fortaleza, Recife, Salvador, Teresina e São Luís, no Nordeste; Belém e Manaus, no Norte; São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, no Sudeste; Porto Alegre e Foz do Iguaçu, no Sul; e Brasília e Cuiabá, no Centro-Oeste.
Além do Brasil, quatro países vão sediar os compromissos do G20 ao longo de 2024 — Estados Unidos, Suíça, Bélgica e França. Também haverá encontros por videoconferência.
Ao todo, serão 22 órgãos federais envolvidos nas reuniões (veja no fim do texto) — 19 ministérios, o Banco Central, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Brasília é a cidade que mais receberá os eventos do G20 no próximo ano, com 33 encontros marcados. Em seguida está o Rio de Janeiro, com 23. Belo Horizonte, Porto Alegre, São Luís e Teresina serão anfitriões apenas uma vez cada.
Veja o levantamento completo, feito pelo R7, de quantas reuniões cada cidade sediará:
• Brasília (DF): 33
• Rio de Janeiro (RJ): 23
• Fortaleza (CE): 7
• Salvador (BA): 6
• São Paulo (SP): 4
• Manaus (AM): 4
• Belém (PA): 3
• Foz do Iguaçu (PR): 3
• Cuiabá (MT): 2
• Recife (PE): 2
• Maceió (AL): 2
• Belo Horizonte (MG): 1
• Porto Alegre (RS): 1
• São Luís (MA): 1
• Teresina (PI): 1
• EUA: Washington (4) e Nova York (1)
• Genebra (Suíça): 1
• Bruxelas (Bélgica): 1
• Paris (França): 1
• Ministério das Relações Exteriores
• Ministério da Fazenda
• Ministério das Mulheres
• Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
• Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima
• Ministério das Comunicações
• Ministério da Saúde
• Ministério da Educação
• Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
• Ministério da Agricultura e Pecuária
• Ministério do Trabalho e Emprego
• Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
• Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional
• Ministério do Turismo
• Ministério da Cultura
• Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
• Ministério de Minas e Energia
• Ministério da Pesca e Aquicultura
• Secretaria-Geral da Presidência
• Controladoria-Geral da União
• Banco Central
• Embrapa
• África do Sul
• Alemanha
• Arábia Saudita
• Argentina
• Austrália
• Brasil
• Canadá
• China
• Coreia do Sul
• Estados Unidos
• França
• Índia
• Indonésia
• Reino Unido
• Rússia
• Turquia
• União Africana (recém-admitida)
• União Europeia