PF pediu prisão de Cariani e descobriu fraude de R$ 6 mi com notas de empresa do influencer
O influenciador Renato Cariani, de 47 anos, teve sua prisão pedida pelo Ministério Público, mas a Justiça negou. Segundo o delegado Vitor Vivaldi, o mesmo ocorreu com outros três investigados.
Fisiculturista com mais de 6 milhões de inscritos no YouTube e 7 milhões no Instagram, ele é suspeito de envolvimento em um esquema que é alvo de operação deflagrada pela Polícia Militar nesta terça-feira (12), que teria desviado 12 toneladas de produtos químicos e 15 toneladas de cocaína e crack prontos para consumo. Cariani nega irregularidades em seus negócios.
Entre as drogas encontradas pela Operação Hinsberg, que leva o nome de um químico alemão do século 19, estão grandes quantidades de fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila. O esquema todo teria movimentado pelo menos R$ 6 milhões.
“Há cerca de um ano, apuramos 60 desvios de produtos químicos utilizados em empresas farmacêuticas para emissão de notas fiscais e faturamento, só que essas empresas obviamente não tinham adquirido o produto”, afirma o delegado Fabrízio Galli, chefe da delegacia de opressão às drogas.
Assim como o personagem Walter White, vivido por Bryan Cranston na série Breaking Bad, Cariani é professor de química e suspeito de desviar “ingredientes”, como analgésicos potentes, para a fabricação de uma mistura que resulta no pó da cocaína e na pedra do crack — já na ficção, o produto final era metanfetamina (ou cristal), estimulante cerebral produzido em laboratório.
Professor também de educação física, além de atleta profissional, empresário e youtuber, o influenciador digital é sócio da empresa Anidrol Química, localizada em Diadema, na Grande São Paulo — um dos alvos dos mandados de busca e apreensão desta terça-feira.
Ele possui participação em negócios da indústria farmoquímica, do transporte de produtos de alta periculosidade e de academias.
Segundo os delegados responsáveis pela investigação, o esquema no qual Cariani é suspeito de envolvimento emitia notas fiscais no nome de grandes empresas farmacêuticas para faturamento. Porém, essas empresas, na verdade, não haviam adquirido os produtos, uma vez que as drogas eram desviadas para a fabricação e o tráfico.
Mais de 70 agentes estão nas ruas para cumprir 18 mandados de busca e apreensão em São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto, Diadema, Praia Grande, Guarujá, Curitiba e Rubim (MG). No esquema, ainda há endereços no Paraná.
Em seu perfil no Instagram, Cariani publicou um vídeo em que diz que a PF esteve em sua casa na manhã desta terça-feira para cumprir mandado de busca e apreensão, mas que ele não havia tido ainda acesso a detalhes da operação.
O influencer afirma que a empresa investigada, da qual é sócio, atua desde 1981 de forma regular. “Foi uma surpresa”, diz.
R7