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Ovo podre, pólvora, churrasco queimado: astronautas e pesquisadores descrevem cheiro do espaço; entenda

Churrasco queimado, metal quente, pólvora, ovo podre: estes são alguns dos cheiros do espaço sideral, de acordo com quem já esteve lá. Para o astronauta da Nasa Scott Kelly, os cosmos têm “um cheiro característico e único”. Outros astronautas que voltaram de missões espaciais compartilharam impressões dos odores, que variam de ‘metálico’ a ‘fedorento’. Todos concordam em afirmar que o cheiro não é agradável.

Não é possível cheirar o espaço diretamente, já que astronautas não podem tirar os capacetes. Mesmo que pudessem, o nariz humano não funciona no vácuo. Scott Kelly, que ficou quase um ano a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI) em 2016, afirmou que “sempre que um veículo atraca ou você faz uma caminhada espacial, o cheiro do espaço quando se abre a escotilha é muito distinto. É como um cheiro de metal queimado”.

Segundo os relatos, o cheiro forte fica grudado nos trajes espaciais assim que a câmara de descompressão é repressurizada. Outros astronautas que participaram habitaram a EEI relataram um aroma metálico, como fumos de solda.

Segredos da galáxia

 

Os cheiros do espaço são importantes para pesquisadores, porque podem revelar mais sobre a composição química da nossa galáxia.

Uma suposição é que o cheiro venha das estrelas moribundas. Quando uma estrela morre, muita energia é liberada, o que produz compostos pungentes conhecidos como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). Essas substâncias ajudam na formação de novos cometas, planetas e estrelas.

Na Terra, os HPAs são encontrados em alguns alimentos e durante atividades como erupção vulcânica, incêndios florestais, queima de matéria orgânica ou petróleo. Outra fonte importante é a fumaça de cigarros.

Outra teoria está relacionada oxigênio ao redor da EEI. A explicação seria de que os raios ultravioleta do sol podem dividir as moléculas de oxigênio, em átomos únicos. Este oxigênio atômico pode aderir aos itens que foram expostos ao espaço, como os trajes espaciais e as paredes das câmaras de descompressão, e desencadear reações químicas que resultam no odor.

Em 2020, o bioquímico Steve Pearce, fundador da Omega Ingredients, criou a fragrância Eau de Space, a pedido da Nasa. O aroma é usado no treinamento de astronautas, para que eles se acostumem com o odor e assim, eliminar qualquer surpresa. O perfume está disponível para venda no site da empresa por US$ 49, descrito como “uma sensação metálica bastante agradável… [como]… fumos de soldagem com cheiro adocicado, metal queimado, um odor distinto de ozônio, um cheiro acre, nozes e pastilhas de freio, pólvora, frutas, rum e até amêndoa queimada biscoito”.

‘Odor pungente e sufocante’

 

A sonda espacial Rosetta, construída pela Agência Espacial Europeia (ESA) e lançada em 2004, foi capaz de descrever o cheiro do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Segundo Kathrin Altwegg, uma das principais pesquisadoras da missão, a explicação está nas substâncias químicas presentes na superfície do corpo celeste.

Ela descreve que o odor é de “ovos podres (sulfeto de hidrogênio), estábulo de cavalo (amônia) e o odor pungente e sufocante de formaldeído. Isto é misturado com o aroma fraco, amargo e amendoado do cianeto de hidrogênio. Adicione um pouco de álcool (metanol) a esta mistura, combinado com o aroma de vinagre do dióxido de enxofre e uma pitada do doce aroma aromático do dissulfeto de carbono, e você chegará ao ‘perfume’ do nosso cometa”.

O GLOBO

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