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Conselho de Segurança da ONU se reúne nesta sexta-feira para discutir tentativa da Venezuela de anexar território da Guiana

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) vai fazer uma reunião para a nesta sexta-feira (8) às 17h (horário de Brasília) para discutir a iniciativa da Venezuela para se apropriar do território de Essequibo que, hoje, pertence à Guiana.

A reunião será uma conversa fechada, sem transmissão ou acesso de quem não é do Conselho de Segurança.

No último domingo, a Venezuela fez um referendo para criar um estado dela em Essequibo. Metade dos eleitores votaram, e, entre esses, 95% escolheram incorporar a região ao mapa venezuelano. O presidente Nicolás Maduro enviou um projeto de lei à Assembleia do país para executar o plano. Em resposta, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, afirmou que vai acionar o Conselho de Segurança da ONU contra a medida.

Na quinta-feira, os Estados Unidos anunciaram exercícios militares aéreos em conjunto com a Guiana. A Venezuela criticou a operação. Vladimir Padrino López, ministro da Defesa dise que “essa infeliz provocação dos EUA em favor da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada. Alertamos que não seremos desviados de nossas ações futuras para a recuperação do Essequibo”.

Ele fez uma referência à ExxonMobil porque a empresa petrolífera extrai petróleo de um campo na Guiana.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre a atual situação do conflito entre Venezuela e Guiana pelo território de Essequibo.

Onde fica Essequibo e a quem pertence?

 

Há mais de cem anos que a Venezuela e a Guiana disputam o território de Essequibo, na América do Sul. A região possui área maior que a da Grécia e, desde o fim do século 19, está sob controle da Guiana. Essequibo representa 70% do atual território da Guiana e lá moram 125 mil pessoas.

Tanto a Guiana quanto a Venezuela afirmam ter direito sobre o território com base em documentos internacionais:

  • A Guiana afirma que é a proprietária do território porque existe um laudo de 1899, feito em Paris, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Na época, a Guiana era um território do Reino Unido.
  • Já a Venezuela afirma que o território é dela porque assim consta em um acordo firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, antes da independência de Guiana, no qual o laudo arbitral foi anulado e se estabeleceram bases para uma solução negociada.

As duas sentenças são contraditórias. Segundo Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra e pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o problema de Essequibo é um resquício do histórico do colonialismo na região.

O território de Essequibo (na Venezuela, chamado de Guiana Essequiba) é de mata densa e não havia muito interesse econômico na área, mas em 2015, foi descoberto petróleo na região. Estima-se que na Guiana existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte mais significativa é “offshore”, ou seja, no mar, perto de Essequibo. Por causa do petróleo, a Guiana é o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.

O petróleo na região agravou a disputa, porque a Venezuela argumenta que a Guiana está comercializando blocos que não são dela.

Mapa mostra a Guiana e a região de Essequibo — Foto: Vitoria Coelho/g1

Mapa mostra a Guiana e a região de Essequibo — Foto: Vitoria Coelho/g1

  • O blog do Camarotti também apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou recados para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de que o Brasil “não apoiaria nenhum gesto de insensatez”. Isso foi interpretado como um gesto claro de reprovação ao movimento político de Maduro, que cria instabilidade na região.
  • As últimas ações de Maduro também fizeram com que Lula convocasse uma reunião de emergência com o chanceler Mauro Vieira e o embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente. A avaliação de auxiliares de Lula é que Maduro avançou para além da retórica. O governo brasileiro mantém o entendimento de que um conflito iminente é improvável, mas a postura do presidente venezuelano, de certa forma, surpreende e obriga o Planalto a se movimentar.
  • Segundo auxiliares do Planalto, Lula fará todas as ações possíveis para evitar um conflito e deve fazer telefonemas para Maduro e para o presidente da Guiana, Irfaan Ali, nos próximos dias.

 

G1

 

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