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Doação de múltiplos órgãos, na Paraíba, salva a vida de cinco pessoas que aguardavam na fila única do Sistema Nacional de Transplantes

A vida de cinco pessoas que aguardavam na fila única do Sistema Nacional de Transplantes mudou, na tarde desta sexta-feira (1), após a quinta doação de múltiplos órgãos ser registrada no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade pertencente à rede de saúde do Estado e gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde). Essa renovação da vida foi possível graças ao ato de solidariedade da família de um homem, de 48 anos, que disse sim para doação de órgãos, após seu ente querido receber o diagnóstico de morte encefálica.

Visando promover a conscientização e o incentivo para a doação de órgãos, todos os anos o Hospital Metropolitano abraça a campanha do Setembro Verde, que traz diversas iniciativas de sensibilização sobre esse assunto que ainda pode ser um tabu para boa parte da população. Para a diretora da Central de Transplantes, Rafaela Dias, a divulgação de informações sobre a doação de órgãos é uma importante ferramenta para desmistificar os mitos acerca do tema.

“Iniciamos o mês de setembro, mês de incentivo à doação de órgãos, de uma forma muito positiva. Por isso, sempre reforçamos o quanto é essencial promover a educação sobre a doação de órgãos e incentivar mais pessoas a se declararem como doadoras, para que possamos continuar a salvar vidas e oferecer esperança a quem mais precisa”, pontua.

O paciente doador dos órgãos deu entrada no Metropolitano na última terça-feira (29), em estado gravíssimo, após passar por uma craniectomia descompressiva no Hospital de Trauma de João Pessoa. De acordo com a coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Metropolitano, Patrícia Monteiro, na última quarta-feira (30), pela manhã, foi realizada a abertura do protocolo de Morte Encefálica (ME). Esse protocolo é realizado por profissionais capacitados e habilitados e é totalmente seguro, consistindo em dois exames clínicos, um exame complementar e o teste de apneia, realizados por profissionais distintos.

“A família fica ciente do início ao fim do protocolo, em todas as etapas. Damos todo suporte necessário a eles, esclarecendo dúvidas e dando todo apoio emocional necessário nesse momento delicado. Quando o protocolo de Morte Encefálica foi fechado, realizamos a entrevista familiar que foi positiva para doação de órgãos e iniciamos o processo da doação, onde as pessoas que estavam na fila aguardando um órgão saíram da fila de espera para transplante”, explicou a gestora.

Foram doados rins, que ficaram na Paraíba; fígado, que foi encaminhado para Recife (PE); e as córneas, que foram encaminhadas para o banco de olhos. Para a coordenadora de psicologia do Metropolitano, Vaneide Delmiro, no limite entre a vida e a morte que se faz presente nesse processo de doação de órgãos, é essencial proporcionar acolhimento à família que vai tomar a decisão e também esclarecer todas as dúvidas que possam ter sobre o assunto.

“Acolher essa família e compreender o que ela sente e pensa é muito importante, validar esses sentimentos, mas também precisamos apresentar para essas famílias as possibilidades que elas têm, com informações técnicas sobre o processo de doação de órgãos, para que façam uma escolha, seja sim ou não, de forma consciente, tendo a dimensão ética de todo esse processo. Então, o nosso papel enquanto psicólogos não é convencer a família a doar, mas acolher esses sentimentos e apresentar informações necessárias para que essa escolha seja feita de maneira clara e tranquila”, pontuou Vaneide.

Os colaboradores da unidade e os familiares do paciente doador fizeram um corredor da vida, em homenagem ao doador e em agradecimento à família por este ato tão nobre. Foi um momento muito emocionante para todos que estavam presentes. A irmã do doador relatou que, em conversa com a família, todos decidiram dizer o sim para a doação, que também era uma vontade expressada pelo doador em vida.

“Conversei com meus pais, meu pai autorizou e a filha do meu irmão também, mas minha mãe, inicialmente, não estava querendo autorizar. Então, eu conversei com ela durante a madrugada toda e ela aceitou. No momento que chegamos aqui no hospital, que o médico explicou que ele tinha vindo a óbito, ela nos contou que meu irmão já tinha dito a ela que, caso qualquer coisa acontecesse, ele queria ser doador. Esse ato de generosidade é muito importante, saber que um pedacinho dele está vivendo em outras pessoas, e que isso vai trazer uma condição de sobrevida e alegria para as outras famílias foi muito reconfortante e ela conseguiu compreender e assimilar”, relatou a familiar.

Segundo a coordenadora do Serviço Social do Metropolitano, Carmen Lúcia, essa comunicação com a família sobre a vontade de ser doador de órgãos é extremamente importante, pois a decisão sobre o sim, ou o não, é feita por eles. “Doar órgãos é favorecer a continuidade da vida, sabemos o quanto é importante nós, em vida, trazer esse assunto e discutir com a nossa família o desejo de doar órgãos, o desejo de dar continuidade à vida”, ressaltou.

Setembro Verde: Essa campanha é uma mobilização nacional instituída pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Ao promover a Campanha Setembro Verde, a ABTO alerta para a diminuição do número de doadores em razão da pandemia. Alguns órgãos podem ser doados em vida, como rim e fígado. Outros dependem do diagnóstico de morte cerebral e de autorização da família.

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