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Concerto desta sexta-feira apresenta 8ª Sinfonia de Beethoven e marca estreia do novo maestro

A Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa realiza concerto nesta sexta-feira (18), a partir das 19h, no Centro Cultural São Francisco, Centro Histórico de João Pessoa. Nesta edição, será executada a 8ª Sinfonia de Beethoven, seguindo a sequência das nove sinfonias do músico. Regida pelo maestro Nilson Galvão, a Sinfônica fará a abertura com a ópera La Gazza Ladra, do compositor italiano Gioachino Rossini.

O diretor-executivo da Funjope, Marcus Alves, afirma que, com este concerto, a Fundação está retomando as atividades em torno das apresentações da Orquestra, sempre no Museu de São Francisco. Nesta sexta-feira, será o momento também de acolhida do novo maestro, Nilson Galvão, que já está completamente integrado à Orquestra e aos músicos.

“Vamos começar a instaurar agora um novo processo de estímulo e valorização da Orquestra Sinfônica, inclusive com a execução de novas composições, novos estilos musicais, que é a linha do próprio maestro, incorporar com mais presença a música instrumental brasileira nos seus concertos e também a música popular, sem esquecer, evidentemente, a música clássica que é o fundamento da existência da própria Orquestra”.

E acrescenta: “O que nós vivenciamos com as apresentações da Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa é uma continuidade de toda uma experiência em torno do conceito do Belo, da beleza estética, desde o século XVIII até os nossos tempos, e que tem uma linhagem muito forte em várias gerações de músicos. João Pessoa é hoje palco de uma produtividade, criatividade musical e instrumental muito forte, e nossa Orquestra é uma referência quando se apresenta sozinha ou com a Companhia Municipal de Dança em seus espetáculos integrados de música e dança”.

Para o maestro Nilson Galvão, as expectativas são as melhores possíveis. “Nos primeiros contatos com o grupo, notei que a Orquestra tem uma musicalidade excelente, nível técnico muito alto. Então, estamos sonhando e colocando nossos objetivos num patamar bem alto exatamente por entender que a Orquestra vai conseguir, com tranquilidade, alcançar esse nível. Na continuidade do trabalho, vamos procurar completar o quadro da Orquestra para poder fazer as obras grandiosas”, declarou o maestro.

Concerto – O regente Nilson Galvão ressaltou que, além da 8ª Sinfonia de Beethoven, a abertura será com uma ópera italiana, de Gioachino Rossini, que se chama La Gazza Ladra. Ele relata que essa abertura tem uns temas que são bem conhecidos. Por isso, o público pode esperar um concerto com música de excelente qualidade e, talvez, as pessoas reconheçam alguns dos temas apresentados.

O maestro observa que o próprio Beethoven tinha um carinho especial por essa sinfonia. Ele acredita que o músico tinha o desejo de fazer cada sinfonia numa tonalidade específica, dentro da escala musical. “Apesar dos sete sons da escala, devido ao cromatismo, temos doze sons quando incluímos os cromáticos, e ele fez uma sinfonia em cada tonalidade até chegar à 8ª, na qual ele repete uma tonalidade – o fá maior – de uma sinfonia que ele havia escrito anteriormente, a 6ª – Sinfonia Pastoral”.

A 8ª Sinfonia foi apresentada junto com a 7ª, pela qual, de fato, o músico teve maior apreço na época. Em uma de suas cartas, conforme o maestro, ele comenta que ficou até um pouco chateado, enfatizando que a 8ª seria melhor. Chamava ‘minha pequena sinfonia em fá’.

Muitos musicólogos e estudiosos falam que essa sinfonia é um marco porque tem a característica de ir contra a expectativa das pessoas. Achavam que deveria ser mais grandiosa do que a 7ª e a 6ª, mas ele faz o inverso. Colocou-a numa estrutura bem mais curta e bastante elegante, mas não muito avant garde. “Beethoven sempre chocava o público com seus concertos, suas sinfonias”, ressalta.

Galvão acrescenta que muitos estudiosos dizem que a sinfonia é cheia de piadas musicais, passagens cômicas que fazem com que se tenha até um pouco de desdém da estrutura. “É como se ele estivesse dando adeus à forma, tanto que na 9ª Sinfonia extrapola toda a questão estrutural da forma do Classicismo. É especial porque é um marco divisor e tem essa característica de ir muito contra a expectativa”, comenta.

Maestro – Nilson Galvão, natural de Recife, iniciou seus estudos musicais aos seis anos no Conservatório Pernambucano de Música. Aos oito anos começou a estudar violoncelo sob a tutela do professor Nivaldo da Silva Jr. Em 1993 foi primeiro lugar e prêmio revelação no concurso nacional de cordas em Campos dos Goytacazes (RJ); e em 1997 ficou em segundo lugar, na sua categoria, no prêmio Paraíba de Música.

Mestre em direção de orquestra pela Universidade de Louisville (EUA), mestre em violoncelo pela Universidade de Campbellsville e bacharel em música pela mesma instituição, é membro, desde 2013, do Quinteto da Paraíba, grupo instrumental de relevância no cenário nacional tendo como principal característica a propagação da música de câmara nordestina, colaborando com importantes artistas dentre eles Xangai, Zeca Baleiro, Marcelo Jeneci, Maestro Spok, Escurinho e Totonho.

De 2013 a 2019, foi diretor artístico musical do projeto Orquestra Criança Cidadã de Recife, projeto que fez história ao realizar concerto para o papa Francisco na Capela Paulo VI, em Roma, e também realizar concerto para cinco chefes de Estado na abertura da cúpula dos BRICS, em 2018.

À frente da Orquestra Criança Cidadã regeu artistas como Elba Ramalho, Alcymar Monteiro e Lenine. Atualmente, desenvolve trabalho à frente da Orquestra Jovem de Pernambuco, através da Virtuosi Sociedade Artística de Pernambuco e, a partir de agosto de 2023, assume como maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa.

  • Texto: Lucilene Meireles
    Edição: Lilian Moraes
    Fotografia: Daniel Silva

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