Na região central de João Pessoa, 42 prédios e casas correm riscos de desabar. As ameaças foram constatadas em imóveis localizados no Centro Histórico da capital paraibana, que em alguns casos, estão ocupados por pessoas em vulnerabilidade social. A informação, obtida pelo Portal T5, é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep).
Entre as edificações ameaçadas, cinco estão ocupadas por famílias carentes que enfrentam o risco de colapso das estruturas dos prédios. Outros 29 imóveis foram fechados e oito estão com placas de aluguel ou com processo no Iphaep para manutenção.
Apesar da quantidade preocupante de imóveis que podem desabar no Centro, o número não corresponde à realidade. Isso porque, segundo o arquiteto Orlando Cavalcante, o estudo realizado no Centro Histórico de João Pessoa faz parte de um levantamento de amostragem. Ou seja, não abrange todos os imóveis que apresentam riscos de desabamento ou necessitam de manutenção na área. Mas, para ele, é o primeiro passo de uma pesquisa mais profunda sobre os prédios e casas em estado crítico de conservação.
“Esse estudo partiu de uma solicitação do Ministério Público. Quando a gente viu em campo que esses imóveis [que precisam de manutenção] estavam pulverizados por todo o Centro Histórico, vimos a necessidade de expandir o estudo. E estamos na fase de diálogo e planejamento com a prefeitura para isso”, disse Orlando ao T5.
O estudo de amostragem também identificou 45 imóveis que precisam de restauração, mas que estão fechados ou abandonados. Nesses casos, muitas vezes os proprietários não conhecem as regras e procedimentos do Iphaep para realizar a manutenção ou não têm condições financeiras para isso. E o que é ainda mais preocupante: alguns deles acreditam que não vale a pena investir na revitalização.
Para o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraíba, Eduardo Nóbrega, a falta de atrativo para circulação de pessoas no Centro é uma das causas desse cenário. “Sem pessoas no centro, os prédios vão ficando abandonados e sem manutenção. Porque eles não conseguem vender e ninguém quer alugar”, afirmou.
Abandono
A degradação que é vista na região central de João Pessoa não atinge somente os prédios. O desgaste alcança uma outra dimensão quando a vivacidade do Centro é discutida. Aos poucos, não são somente as cores das fachadas que estão se apagando. Quem hoje quer morar no centro ou se desloca para a região para comprar algo?
Por muitos anos, o Centro de João Pessoa foi o principal polo comercial da cidade e, por essa razão, sustentava uma grande circulação de pessoas. Mas a dinâmica da cidade mudou e o Centro parece ter ficado para trás. Para o presidente do CAU-PB, Eduardo Nóbrega, falta incentivo. “Há um abandono do Centro pelo Poder Público, porque não há incentivo fiscal nem habitacional”, afirmou.
Com o passar dos anos, esse cenário acaba contribuindo com o fortalecimento das centralidades dos bairros de João Pessoa, que se formam para as necessidades dos moradores. É o caso de Mangabeira, por exemplo, que tem um polo comercial e de serviços altamente desenvolvido. Com essa oferta, a população não precisa se deslocar até o centro para realizar alguma atividade.
Assim, sem estímulo para que comerciantes permaneçam no centro, ele vai perdendo o que lhe mantém vivo: gente.
Portal T5